O livro didático de história sob a perspectiva das relações de gênero: uma análise entre os anos de 2007 e 2015

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2018
Autor(a) principal: RIBEIRO, Allan Alves da Mata
Orientador(a): SILVA, Adriana Maria Paulo da
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Pernambuco
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pos Graduacao em Educacao
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/31359
Resumo: A presente pesquisa teve como objetivo geral analisar as concepções de masculinidades e/ou feminilidades presentes na materialidade discursiva de livros didáticos de História endereçados ao Ensino Médio público brasileiro. Enquanto fontes principais, mobilizamos edições distintas da obra “História Global– Brasil e Geral”: a edição volume único, aprovada pelo edital do PNLEM/2007 e publicada em 2005; e a coleção didática publicada em 2013, aprovada pelo edital do PNLD/2015. Presente em todas as edições do Programa Nacional do Livro Didático, a obra foi destacada enquanto uma das publicações mais distribuídas para o componente curricular história no Ensino Médio público brasileiro. Partindo da perspectiva analítica das relações de gênero, centramos nossa atenção nos contextos de “endereçamento” de três “personagens”: Pedro de Alcântara, nomeado D. Pedro II durante o Segundo Reinado (1840-1889); D. Isabel, princesa imperial do Brasil; e a República, em sua representação feminina, presente nas narrativas sobre a história do Brasil no final do século XIX. Especificamente, analisamos os capítulos: “Segundo Reinado (1840-1889)”, “A crise do Império” (“O fim do Império”, edição 2013) e “A instituição da República”. Em diálogo com Scott (1994, 1995, 1998), mobilizamos nesta análise o conceito de “modos de endereçamento” (ELLSWORTH, 2001). Advindo dos estudos de cinema e comunicação, o “modo de endereçamento” diz respeito ao evento de relação entre o texto fílmico e o lugar social do público, pressuposto a partir das expectativas quanto à recepção dos filmes. Consideramos que a análise do endereçamento nos livros didáticos de História compreende a observação das estratégias de estruturação e apresentação dos enunciados disponibilizados pelas obras. É nessa “aparência” que localizamos uma preocupação “cenográfica” nas publicações. Espaço no qual o texto se desenrola, essa cenografia envolve a narrativa, sua apresentação e ainda as atividades que a retomam. Nessa perspectiva, analisamos o modo como as obras “endereçaram” o olhar de alunas e alunos para posições de sujeito generificadas, sendo produtivas na identificação e valorização de determinada gama de posições de sujeito. Concluímos que a abordagem dos conhecimentos históricos adotada pela obra naturalizou assimetrias de poder entre as masculinidades e feminilidades histórica e socialmente construídas durante o século XIX. Tomadas enquanto “fato” histórico, indigno de nota nos “textos principais”, a composição atualizou, no conhecimento histórico escolar, posições normativas de ser masculino e feminino.