Relações de gênero: as formas de enunciação da identidade da mulher na mídia jornalística

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2008
Autor(a) principal: SANTOS, Marcelo Bernado Dos
Orientador(a): SAMPAIO, Maria Cristina Hennes
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Pernambuco
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/7485
Resumo: O presente trabalho tem por objetivo fazer uma análise enunciativo-discursiva acerca de como se constrói a identidade feminina nos discursos sobre a mulher, veiculados por diferentes esferas de atividades sociais, nos principais jornais de quatro capitais da região nordeste, mais especificamente no espaço destinado a matérias de opinião. Considerando que o jornal, ao conceder espaço para a veiculação de diferentes opiniões que expressam os acentos apreciativos de tais esferas, dá visibilidade a estas esferas, possibilitando que as mesmas exponham seus pontos de vistas, informem e formem a opinião pública, foram também analisadas as questões éticas implicadas nos sentidos produzidos nos discursos que têm como eixos temáticos norteadores, os atos éticos dignidade, justiça e liberdade. Os corpora foram constituídos por noventa e sete textos entre editoriais e textos de opinião publicados em seis jornais de quatro capitais da Região Nordeste, sendo dois de Recife - PE (Diário de Pernambuco e Jornal do Commercio), dois de João Pessoa - PB (O Norte e Correio da Paraíba), um de Maceió - AL (Gazeta de Alagoas) e um de Fortaleza - CE (Diário do Nordeste). Foram selecionados aqueles textos que tratam diretamente da temática feminina na data de comemoração do Dia Internacional da Mulher. Estes textos foram classificados e distribuídos em oito variáveis: Esfera da Política (T1), Esfera Jornalística (T2), Esfera Acadêmica (T3), Esfera Jurídica (T4), Esfera Religiosa (T5), Esfera do Senso Comum (T6), Esfera dos Movimentos Sociais (T7) e Esfera da Saúde (T8). Os corpora dessas variáveis, submetidos a um processamento estatístico-matemático informatizado (Programa STABLEX), foram descritos e interpretados por abordagens quantiqualitativas: (1) Método de Análise Lexical, Textual e Discursivo de Camlong (1996), (2) Teoria Filosófica-Dialógica Bakhtiniana, incluindo conceitos como Ato Ético, Dialogismo, Acento Apreciativo; e (3) abordagens teóricas acerca das relações de Gênero e de Identidade. Conclui-se que as esferas de atividades sociais analisadas constroem uma dupla identidade para a mulher: (1) a da mulher emancipada, que é reconhecida por sua força e coragem nas conquistas de seus direitos, nas suas lutas para mudar as desigualdades entre os sexos. Há o reconhecimento de sua ascensão, cada vez maior no mercado de trabalho, sendo caracterizada como ativa, participativa, dinâmica, autônoma, independente do sexo oposto, protagonista de suas próprias ações. Ainda assim, destacando-se as características opostas às do homem, as quais limitam sua atuação no espaço público. E uma outra identidade (2): a da mulher vitimizada, tanto pelos atos de violência masculina de força física como simbólica. A oposição ao homem ocorre no campo da política, no aspecto moral de conduta e ação. Ao mesmo tempo a política é apontada como um espaço não adequado para a mulher em decorrência de suas qualidades morais, fazendo retornar ao lar, onde sua moral estaria preservada. A conquista da liberdade configura, para a mulher, a sua autonomia em relação às suas próprias escolhas. A identidade da mulher é construída, pois, no embate dialógico de acentos apreciativos que ora configuram imagens femininas antagônicas, ora se complementam, na medida em que estas imagens compõem a própria heterogeneidade da identidade da mulher que está sendo construída. Concluise também que o jornal age eticamente ao promover a discussão entre as diversas posições axiológicas construídas nas diferentes esferas; posições que ora convergem ora divergem do caminho que a mulher tem percorrido para a constituição de sua identidade na sociedade