Oclusivas alveolares e africadas alveopalatais no português de Recife

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2018
Autor(a) principal: SILVA FILHO, Eraldo Batista da
Orientador(a): TELLES, Stella
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Pernambuco
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pos Graduacao em Letras
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/33264
Resumo: Esta pesquisa foi feita através de um estudo indutivo-dedutivo, utilizando uma metodologia experimental. Seu objetivo geral foi investigar a ocorrência de oclusivas alveolares e de africadas alveopalatais do Português do Recife, a fim de se comprovar se essa variedade de fala, dita como não realizadora de africadas, permanece estável em relação aos índices de ocorrência desse fenômeno. Esta tese se ancora nas seguintes bases teóricas: a Sociolinguística (Meyerhoff (2006), Bailey & Lucas (2007), Labov (2008), a partir da qual serão refletidas as variedades do Português falado em Recife; a Sociofonética, que liga a Sociolinguística à Fonética, através de métodos fonéticos de análise quantitativa da variação e mudança de uma língua (Hay & Drager (2007) e Foulkes, Scobbie & Watt (2013); e os modelos fonológicos multirrepresentacionais, aqui representados pela Teoria de Exemplares, sob a visão de Pierrehumbert (2002) e pela Fonologia de Uso, sob a ótica de Bybee (2003). A hipótese que motivou esta pesquisa foi que as africadas alveopalatais estão emergindo no Português de Recife, em contextos específicos. Assim, procurou-se avaliar se esta variedade continua a ser não realizadora de africadas, como foi reportado por Abaurre e Pagotto (2002) ou se traços de africação têm emergido em algum contexto particular. Na metodologia, foram utilizados 16 participantes, separados por idade (até 25 anos e a partir de 50 anos), por sexo (masculino e feminino), por região (dois bairros recifenses tradicionais e dois emergentes) e por escolaridade (com o Ensino Superior em andamento ou já o tendo concluído); três (03) tipos de experimentos (leitura de palavras, elicitação de imagens e formação de sentenças), cada um deles contendo as quarenta e duas (42) palavras selecionadas para esta investigação, escolhidas conforme seu tipo fonotático. As variáveis dependentes aqui estudadas foram as oclusivas alveolares e as africadas alveopalatais. A análise dessas variáveis foi dividida em duas, a Categórica (utilizada na investigação da africação) e a Acústica (utilizada para analisar os valores do VOT, a tonicidade e a duração das sílabas). Os resultados obtidos através da análise categórica foram os seguintes: a produção de africadas é emergente na fala espontânea de recifenses, e os contextos favorecedores da implementação desta emergência são as sílabas postônicas, as oclusivas desvozeadas, o item lexical, o indivíduo, o sexo e a origem. Os contextos que não favoreceram a produção de africadas foram a frequência de ocorrência e a faixa ística chegou aos seguintes resultados: a aspiração expressa pelo aumento do VOT da sílaba [ti] caracterizou um estágio evolutivo no percurso para a consolidação de africadas em Recife (PE); valores mais altos de VOT, quando relacionados com algum tipo de padrão de tonicidade, podem expressar que africadas estejam emergindo em contexto acentuai específico; as sílabas formadas por vogais altas possuem maior duração devido à associação que há entre essa duração e o seu VOT. Diante dessas evidências, confirmamos a hipótese básica: as africadas alveopalatais estão emergindo no Português de Recife, em contextos específicos.