Pedagogias do corpo sagrado : dança nagô e produção de subjetividades no Ilê Obá Aganjú Okoloyá

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2023
Autor(a) principal: VIANA, Helaynne Rahyssa Sampaio
Orientador(a): CARVALHO, Mário de Faria
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso embargado
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Pernambuco
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pos Graduacao em Educacao Contemporanea / CAA
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/55546
Resumo: “Ilê, como é lindo de se vê, ilê, como é lindo...” O trecho dessa composição escrita por minha mãe carnal, Oyá Tundê, Yá Maria Helena Sampaio, traduz bem o sentimento de pertencimento e alegria de fazer parte de um legado ancestral. Eu, cria da no Terreiro de Mãe Amara, sou diariamente atravessada nas minhas subjetividades por seus ensinamentos. Meu corpo sagrado se move e se transforma no embalo das águas e dos ventos sagrados de Oyá. Dessa forma, a presente pesquisa busca compreender como se constitui as pedagogias do corpo sagrado presentes nos rituais e práticas que envolvem a dança no Ilê Obá Aganjú Okoloyá – Terreiro de Mãe Amara. Para auxiliar nessa compreensão, diálogo com as problematizações sobre corpo de Moraes (2009), Gomes (2003) e das contribuições de Sander (2011) em relação à corporeidade. A respeito do conceito de subjetividades, utilizo Deleuze (2001) e Fanon (2008). Além dessas autoras e autores, trago as reflexões sobre pedagogias em Ferreira (2010) e Macedo, Maia e Santos (2019). Nesse sentido, a partir dos imbricamentos entre esses conceitos e os da dança nagô, que se alimenta de ambos para existir, mover-se no mundo e sentir as vivências do sagrado, é possível elaborar o conceito “pedagogias do corpo sagrado”. A partir dessa compreensão teórica e do método cartográfico, principalmente a partir de Kastrup (2009), relaciono os processos dos moveres e sentires da dimensão do sagrado na dança nagô de Pernambuco e como a sua potência poética subjetiva a minha existência e das e dos bailariNagôs. Os mapas construídos sugerem que a tradição religiosa afro diaspórica assimila o tempo das coisas como movimento circular, pelo retorno e reinvenção de si, do corpo. As tecnologias ancestrais se perpetuam, assim como nós, na existência que é eterna, afinal a matéria se transforma, ao passo que o ser ancestral permanece. No terreiro, as pedagogias do corpo sagrado são fruto do legado ancestral, de modo que os saberes mobilizados aduzem que “o axé de Mãe Amara é de prosperidade!”. Para o povo nagô, o axé das ancestrais permite, na dança e em cada ritual religioso, moveres dos omo-orixás e bailariNagôs que transpassam, pelo corpo, não apenas a ordem espiritual, mas também subjetiva, cultural e política. As pedagogias do corpo sagrada, no plural, através da dança nagô no chão do meu ilê, seja a dança nagô em sua expressão ritualística ou em sua manifestação cultural, forjam novos saberes e processos de subjetivação.