Construindo o magistério indígena : desafios na educação do povo Xukuru em Pesqueira (Pernambuco)

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2022
Autor(a) principal: SILVA, Alexandre Evangelista da
Orientador(a): MIRANDA, Marcelo Henrique Gonçalves de
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Pernambuco
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pos Graduacao em Educacao Contemporanea / CAA
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/50596
Resumo: Em nossa pesquisa, problematizamos quais as colaborações das duas gerações de professoras(es) veteranas(os) e novatas(os) do povo Xukuru do Ororubá no fortalecimento da identidade étnica? De maneira que, no objetivo geral, compreendemos as colaborações das(os) professoras(es) do povo Xukuru no fortalecimento do seu povo. E na perspectiva de objetivos específicos, identificar as lutas epistêmicas no documento Projeto Político Pedagógico das Escolas do Povo Xukuru (PPP Xukuru). E especificar as lutas epistêmicas no fortalecimento da identidade indígena verbalizadas pelas(os) professoras(es) Xukuru. Justificamos a nossa pesquisa pela ampliação da voz de direitos e de saberes dessas(es) professoras(es), sob discussões decoloniais. Nesse sentido, o nosso percurso teórico discutiu as categorias Colonialidade do Poder, Colonialidade do Saber, Colonialidade do Ser e Colonialidade da Mãe-Natureza; consciência histórica e caráter dialógico; lutas epistêmicas; a identidade étnica; a comunidade educativa; marcadores de fortalecimento; de negação à identidade étnica na escola indígena; diálogo intercultural; Forma “Retomada”; Pedagogia “Retomada”; os princípios Compromisso- Conscientização, Surgimento de Novas(os) Guerreiras(os), Mãe-Terra e Dom da Natureza e Oralidade da episteme Formação da(o) Guerreira(o) Xukuru; etc. Para tanto, utilizamos a pesquisa qualitativa para enfatizar as subjetividades. Nossos sujeitos da pesquisa foram delimitados por idade, sexo e tempo de experiência docente: em seis professoras(es), três mulheres e três homens. E interpretamos os dados pela Análise de Conteúdo e análise temática de conteúdo no estudo das frequências de significados e diferentes opiniões verbalizadas por nossas(os) professoras(es) Xukuru em entrevistas semiestruturadas, feitas de modo remoto (on-line), individuais e em profundidade com as(os) professoras(es) Xukuru. Em nossa análise, identificamos os princípios pedagógicos das retomadas territorial-educacionais apresentados no PPP Xukuru, através dos eixos: a) Terra; b) Identidade; c) História; d) Organização; e) Interculturalidade. Contextualizando o significado desses eixos, analisamos as afirmações do movimento indígena através de Cartas das Assembleias Gerais do Povo Xukuru do Ororubá. E especificamos as lutas epistêmicas nas falas sobre os desafios das(os) professoras(es) Xukuru em sua prática docente. As verbalizações dos docentes indicaram negações das colonialidades nas interferências da Secretaria de Educação do Estado de Pernambuco, como a desvalorização do Magistério Indígena, a falta de formações continuadas específicas, a imposição de espaços, tempo, livros não-indígenas, etc. Além das internalizações das colonialidades na própria comunidade escolar. Para a superação de tais desafios, a Formação da(o) Guerreira(o) se fez pensando e reconstruindo o PPP Xukuru pela escuta do seu povo, a escolha de docentes Xukuru para essas escolas, composição coletiva de coordenações escolares, autoformação com base nos saberes de seu povo, presença nas escolas do ritual do toré, lideranças e mais velhos. Como também espaços de vivência fora das escolas em momentos e locais sagrados, portanto em um contínuo processo de retomadas territorial-educacionais. Assim, a educação intercultural mediou relações de ensino-aprendizagem entre significados não-indígenas e Xukuru por meio de projetos pedagógicos envolventes entre povo e escola. Nesse sentido, a Formação da(o) Guerreira(o) fortaleceu a identidade étnica em estratégias de ensino para o autorreconhecimento dos valores e crenças das(os) educandas(os) Xukuru.