“Abuso não vai rolar”: desenvolvimento e validação de uma tecnologia educacional para as adolescentes com deficiência intelectual

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2020
Autor(a) principal: NÓBREGA, Keise Bastos Gomes da
Orientador(a): GONTIJO, Daniela Tavares
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso embargado
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Pernambuco
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pos Graduacao em Saude da Crianca e do Adolescente
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/38833
Resumo: A sexualidade das pessoas com deficiência ainda é um tema pouco discutido na sociedade contemporânea. As adolescentes com deficiência intelectual recebem menos informações sobre a sexualidade, pois a intersecção de fatores, como gênero, juventude e deficiência, faz que estejam em condições maiores de vulnerabilidades, inclusive, ao abuso sexual. Identifica-se a limitação de materiais educativos adequados para subsidiarem a educação sexual das adolescentes com deficiência intelectual, que favoreçam o ensinoaprendizagem com empoderamento e autogerenciamento. O presente estudo teve como objetivo desenvolver e validar uma tecnologia educacional, de base sócio-histórica, direcionada para a educação sexual das adolescentes com deficiência intelectual. Estudo do tipo metodológico, desenvolvido em três fases: diagnóstico, construção e validação da tecnologia educacional. A primeira fase foi qualitativa e objetivou a identificação de estratégias, recursos e temas a serem utilizados na tecnologia educacional. Foi realizada com 19 adolescentes, 17 mães/cuidadoras e 22 profissionais através de grupos focais e os dados analisados no software Atlas ti®, com base em Creswell (2014). Os dados foram coletados em sete instituições de referência na assistência a adolescentes com deficiência intelectual e suscitaram três categorias temáticas: ser adolescente com deficiência intelectual; sexualidade das adolescentes com deficiência intelectual; e educação sexual das adolescentes com deficiência intelectual. Na segunda fase foi construída a tecnologia educacional, seguindo as orientações do Guia de Orientação para Desenvolvimento de Projetos. Para a apresentação e escrita, buscou-se as referências de desenvolvimento de materiais para pessoas com baixa escolaridade e linguagem simples. Essa fase partiu da análise do diagnóstico que indicou uma tecnologia educacional num formato concreto, interativo, com a possiblidade de graduar a complexidade das temáticas, com a qual as adolescentes se identificassem. O abuso sexual foi o tema identificado como prioritário, sendo o foco do material. A tecnologia educacional “abuso não vai rolar: aprendendo a se proteger” foi desenvolvida e contém: um livro interativo, com situações problema e perguntas para verificar o conhecimento e a aprendizagem; um livreto de apoio e um vídeo explicativo, para subsidiar pais e profissionais; dois bonecos sexuados, para contribuir com a comunicação. Na terceira fase ocorreu a validação de aparência e conteúdo com juízes especialistas. Os dados foram analisados pelo índice de validade de conteúdo e as informações qualitativas, com auxílio do software Atlas ti®. Nessa fase ocorreu a avaliação da tecnologia, na qual participaram 25 juízes especialistas nas áreas de desenvolvimento de materiais educativos, violência, educação sexual e adolescentes com deficiência intelectual. A tecnologia educacional obteve um IVC total de 0,99 sendo, portanto, validada nos seus domínios objetivos, estrutura, apresentação e relevância. A participação do público-alvo no diagnóstico contribuiu para a estruturação e apresentação da tecnologia educacional e o referencial teórico sócio-histórico de Vygotsky mostrou-se adequado para subsidiar o processo de ensino-aprendizagem de adolescentes com deficiência intelectual. A tecnologia educacional servirá como referência técnico-científica para ser utilizada em serviços assistenciais e educacionais. Poderá ainda colaborar com pais e profissionais na educação sexual dessas adolescentes, com o foco na prevenção do abuso sexual, para a identificação de situações de risco e tomada de ações de proteção.