A (re)invenção dos corpos do sul e as pedagogias africanas no enfrentamento à colonialidade do ser

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2020
Autor(a) principal: SANTANA, José Diêgo Leite
Orientador(a): LAGE, Allene Carvalho
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Pernambuco
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pos Graduacao em Educacao Contemporanea / CAA
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/38948
Resumo: Os corpos são territórios, discursos, carne, cultura e política. Por meio deles, a colonialidade entra na disputa de poder sobre a existência do Ser. O corpo padece os suplícios do dominador. Dele se tenta retirar todas as suas potencialidades e suas construções, suas contradições e suas singularidades; ele é expulso de si mesmo, na tentativa colonial de territorializá-lo a partir de suas demandas. Dele se quer um corpo inerte, moribundo, automático e não afetivo. Não é, porém, todo corpo que é disputado pelo colonizador: ele trava batalha com outros corpos que não aqueles brancos e eurocêntricos. Eles são racializados, capitalizados, generificados e sexualizados a partir das demandas coloniais. Sua existência é negada através do silenciamento de sua história e de suas lutas, bem como da subalternização, naturalizada e legitimada por narrativas coloniais. Mas os corpos começaram a se levantar, gritar, a romper com as naturalizações impostas pela colonialidade. Saíram das margens e começaram a criar centros outros de produções do conhecimento. Rasgaram os cânones da racionalidade totalitária e empreenderam narrativas outras. Para isso, os corpos silenciados passam a produzir uma pedagogia própria para a liberdade. Trata-se de uma liberdade que nasce no próprio corpo e que se compromete com o Ser e com a libertação do Outro também. Esses corpos, inspirados nas Epistemologias do Sul e metaforicamente chamados de Corpos do Sul, são expressões da insubmissão epistemológica que criam múltiplos centros de produção do conhecimento e que se relacionam com esses centros em uma manifestação simbiótica, pois sabem que as pontes são mais necessárias que os muros. Uma das pedagogias que criam esses corpos vitoriosos e insubmissos são as pedagogias africanas, que convidam para o processo de conscientização do Ser e oferece meios para que a luta aconteça nos territórios epistemológicos marginalizados e invisibilizados. São, pois, as pedagogias africanas que coroam o Corpo do Sul e possibilitam uma outra relação além da colonial que se localiza em apenas dois polos: dominador e dominado. Assim, esta pesquisa apresenta a seguinte questão: “De quais modos as Pedagogias Africanas contribuem para o enfrentamento da Colonialidade do Ser e para a ressignificação dos Corpos do Sul?”. O objetivo geral é compreender de quais modos as Pedagogias Africanas contribuem para o enfrentamento da Colonialidade do Ser e para a ressignificação dos Corpos do Sul. A construção teórico-metodológica foi a afrocentricidade. As referências teóricas nascem da necessidade epistêmica, bem como da coerência metodológica, de se pensar desde África e com África, de modo que os autores e autoras são em sua maior parte, africanos e/ou afrodiaspóricos. Esta pesquisa foi realizada em uma escola na cidade de Arcoverde – PE. A escolha do município se deu em virtude de existir um programa de escola em tempo integral pensada para os Anos Iniciais do Ensino Fundamental e que tem uma proposta pedagógica outra, a saber, próxima dos princípios africanos. As nossas conclusões apontam as pedagogias africanas e outras que delas se aproximam como possíveis de conectar as experiências dos corpos subalternizados e de seus conhecimentos e saberes.