Modernidade e contingência : a constituição da individualidade e do romance em Herman Melville

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2022
Autor(a) principal: MARINATO, Ana Carla Lima
Orientador(a): FERREIRA FILHO, Eduardo Cesar Maia
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Pernambuco
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pos Graduacao em Letras
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/46922
Resumo: Este estudo consiste em uma análise comparativa entre quatro narrativas de Herman Melville: o romance Moby-Dick (1851), e os contos “Bartleby, the scrivener” (1853), “Benito Cereno” (1855) e “Jimmy Rose” (1855). A análise parte do princípio de que esses textos apresentam certa estrutura narrativa e temática semelhante: a história de um personagem que determina o ponto de vista da narrativa, o qual expressa surpresa e perturbação ao passar por uma experiência com um outro misterioso, cujo comportamento se mostra inexplicável. Ao tentar desvendar o mistério, esses personagens tecem comentários que acabam por sugerir certo modo de conceber a sua própria individualidade: trata-se de uma individualidade contingente, que busca encontrar um meio de afirmar sua subjetividade na medida em que encara as constantes transformações do mundo moderno. Ao focalizar nesse tipo de compreensão da individualidade moderna, essas narrativas se aproximam não apenas da ficção realista de fins do século XIX, tal como praticada por escritores como Flaubert e Dostoievski, como também dos grandes romances do século XX. A análise aponta para o fato de que há certa diferença, entre o romance e os contos, no modo como tal temática se desenvolve, uma diferença, entretanto, que não pode ser explicada a partir de conceitos essencialistas do gênero. De um lado, Moby-Dick desafia os limites do romance, embora assuma aspectos apontados pela teoria como centrais para o desenvolvimento do gênero no mundo moderno. Do outro lado, os três contos desafiam as concepções sobre o gênero formuladas por grande parte da crítica especializada mais recente, alinhando-se mais claramente ao debate em torno do próprio romance do que à teoria do conto. O que distingue a obra prima de Melville em relação aos contos em questão é o ritmo da prosa, que com Ishmael se apresenta eloquente, expansiva e frenética, ao passo que com os narradores dos contos ela se mostra mais contida e menos digressiva, focalizada em um único outro, que são os personagens centrais, e não por acaso homônimos: Bartleby, Benito Cereno e Jimmy Rose. Assim, ainda que mantenha seu interesse em compreender a vida moderna sob todos os seus aspectos possíveis, de modo a afirmar e promover uma reflexão sobre a contingência da individualidade, Melville realiza certo ajuste em relação ao seu projeto literário quando se dedica à produção dos contos, assumindo, ele também enquanto escritor, a sua própria contingência.