Influência de perturbações antrópicas crônicas sobre as interações entre plantas e formigas cortadeiras na caatinga

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2017
Autor(a) principal: SIQUEIRA, Felipe Fernando da Silva
Orientador(a): LEAL, Inara Roberta
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Pernambuco
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pos Graduacao em Biologia Vegetal
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/28014
Resumo: Alterações na composição de espécies ocasionadas por perturbações antrópicas são conhecidas por modificarem as interações entre espécies. As formigas cortadeiras (especialmente do gênero Atta) são um exemplo de organismos que proliferam com perturbações antrópicas. Devido às suas atividades de herbivoria e de alterações nas propriedades do solo e no regime de luz devido à construção e manutenção dos ninhos, as formigas cortadeiras provocam mudanças na composição de espécies de regenerantes e na dinâmica e estrutura da comunidade vegetal nas áreas do ninho e de forrageamento. A proliferação das formigas cortadeiras e sua influência nas comunidades de plantas são bastante conhecidas para florestas úmidas como Amazônia e floresta Atlântica, mas ainda não se tem informações sobre estas questões em áreas de Caatinga. O objetivo principal desta tese foi investigar o efeito das perturbações antrópicas crônicas sobre as populações de formigas cortadeiras do gênero Atta (Capítulo 1) e sobre as taxas de herbivoria da única espécie endêmica da Caatinga, Atta opaciceps (Capítulo 2). No primeiro capítulo encontramos que a densidade de colônias ativas aumentou (de 2,55 ± 1,65 ha⁻¹ para 15 ± 2,92 ha⁻¹) com a proximidade de estradas. O inverso foi encontrado para as colônias inativas. As colônias ativas ocorreram preferencialmente em áreas com baixa cobertura vegetal, enquanto as colônias inativas em áreas com alta cobertura vegetal. Com isso, demonstramos pela primeira vez que distúrbios antrópicos promovem a proliferação de formigas cortadeiras em florestas secas como a Caatinga. Adicionalmente, perturbações antrópicas crônicas tem um efeito positivo sobre as taxas de herbivoria de colônias de Atta opaciceps (de 5,34 % ± 5,32 para 96.09 % ± 3,87). Nós também encontramos um forte efeito da estação do ano em todas as variáveis relacionadas ao forrageamento das colônias (i.e. área de forrageamento das colônias, vegetação disponível na área de forrageamento, consumo foliar em biomassa e em área foliar), levando a maiores taxas de herbivoria na estação seca (45,18% ± 31,56) do que na chuvosa (22,24% ± 31,03), ocasionadas sobretudo pela menor disponibilidade de vegetação na estação seca. Esses resultados corroboram os padrões descritos para florestas úmidas, que indicam que áreas mais perturbadas têm vegetação mais palatável e proporcionam maior herbivoria por parte das colônias. A alta densidade de formigas cortadeiras aliada com alto consumo foliar, podem afetar a regeneração da vegetação de Caatinga via seu papel como herbívoro dominante e engenheiro de ecossistema como já relatado para florestas úmidas e savanas. Essa retirada de vegetação pode amplificar as mudanças ambientais ocasionadas por perturbações antrópicas crônicas, uma vez que valores altos de herbivoria aumentam a penetração de luz e a temperatura do ar e do solo, ao mesmo tempo em que reduzem a umidade do ar e do solo. Esses resultados suportam a ideia de que as formigas cortadeiras são um dos grupos vencedores de paisagens modificadas por atividades humanas na Caatinga.