Sinais de risco para transtorno do espectro autista em filhos de mães expostas ao vírus da Zika durante a gestação

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2021
Autor(a) principal: DIAS, Roberta Raissa de Melo Matos
Orientador(a): EICKMANN, Sophie Helena
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Pernambuco
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pos Graduacao em Saude da Crianca e do Adolescente
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/44281
Resumo: Com a epidemia do vírus da Zika (ZIKV) inúmeros estudos estabeleceram sua relação com o aparecimento de anomalias congênitas. Estudos de acompanhamento do desenvolvimento neuropsicomotor (DNPM) de crianças com evidência de infecção materna por ZIKV durante a gravidez, nascidas sem microcefalia, ainda estão em andamento. Dessa forma, possíveis manifestações a longo prazo ainda precisam ser melhor elucidadas. O objetivo dessa pesquisa foi comparar a ocorrência de sinais precoces de risco do Transtorno do Espectro Autista (TEA) em crianças com exposição pré-natal ao ZIKV nascidas sem microcefalia com o risco em crianças sem exposição ao ZIKV. Foram triadas 146 crianças, incluindo 101 expostas ao ZIKV na gestação e 45 controles. O Modified Checklist for Autism in Toddlers (M-CHAT) foi o instrumento utilizado para a triagem do TEA. Na análise univariada, verificamos percentual significantemente maior de sinais de risco para TEA nas crianças que foram expostas ao ZIKV na gestação 30/101 (29,7%) em relação ao grupo controle que apresentou 6/45 (13,3%) crianças. Em relação às características sociodemográficas e biológicas, as crianças mais jovens 13/29 (44,8%) e aquelas cujos pais não coabitavam 18/95 (18,9%) apresentaram maior frequência de sinais de risco para TEA. Após ajuste estatístico na análise de regressão logística, as variáveis que se mantiveram significantes foram idade da criança e coabitação com o pai, sendo que as crianças mais jovens e as cujos pais não coabitavam apresentaram chance duas vezes maior de risco para TEA. A perda da significância estatística entre a exposição congênita ao ZIKV e provável aumento de risco para TEA pode ter ocorrido pelo pequeno número de crianças no grupo controle e por fatores relacionados à coleta de dados dos controles, que ocorreu durante a pandemia de COVID-19, expondo as crianças e seus familiares a situação de grande estresse pelo risco de adoecimento e repercussões do isolamento social. Na análise dos itens do M- CHAT, o déficit na capacidade de olhar para o cuidador em situações de surpresa, hipersensibilidade ao barulho, déficit na capacidade de imitação, presença de movimentos estereotipados e tentativa de atrair atenção, foram os itens mais frequentemente comprometidos nas crianças com sinais de risco para TEA. Portanto, o presente estudo amplia conhecimentos acerca do espectro de comprometimentos tardios potencialmente associados à Zika congênita e evidencia que crianças expostas ao Zika na gravidez, mesmo nascendo sem fenótipo do SZC podem apresentar mais frequentemente sinais de risco para TEA, salientando a importância de se manter a atenção e o acompanhamento contínuos dessa população.