De “Angelo dos retalhos” a Visconde de Loures: a trajetória de um traficante de escravos (1818-1858 )

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2016
Autor(a) principal: ALBUQUERQUE, Aline Emanuelle de Biase
Orientador(a): CARVALHO, Marcus Joaquim Maciel de
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Pernambuco
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pos Graduacao em Historia
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/17282
Resumo: Este trabalho investiga a organização do comércio atlântico de escravos, de 1818 a 1858, através da trajetória do traficante Angello Francisco Carneiro. Nascido em Portugal, Angello Carneiro iniciou seus investimentos negreiros em Pernambuco na década de 1810. Entre 1824 e 1830, período em que o comércio atingiu altos índices na África Centro-Ocidental, ele se estabeleceu em Luanda para organizar o embarque de cativos para Pernambuco e Rio de Janeiro. Lá, recebeu o posto honorário de capitão de milícias de Bailundo, expandindo suas relações negreiras até esse sobado no interior de Benguela. Influente na sociedade angolana, seus navios negreiros foram usados pelo governo colonial para suprimir a revolta de 1824, que pretendia unir Benguela ao Brasil independente. Nos anos de 1830, ao retornar ao Recife ele se tornou membro de uma empresa negreira que tinha ramificações no Brasil, Cuba, Angola, Benim e Europa. No Recife, Angello era um capitalista famoso por seu trapiche, sua Casa de Importação e Exportação, pela atividade creditícia e por seu envolvimento nas obras de urbanização. Além disso, sua preeminência no comércio ilegal de escravos era de domínio público e foi referenciado, nos anos de 1840, pelo cônsul inglês na cidade e pelo engenheiro francês Louis Vauthier. Na década de 1850, o traficante foi recompensado por suas muitas contribuições ao governo português com o título de visconde de Loures e as honras de moço fidalgo da Casa Real. Seguindo seus rastros por fontes como jornais, processos de navios negreiros e as correspondências das autoridades inglesas, é possível analisar os meandros da sua carreira negreira antes e após a ilegalidade, bem como da sua rede mercantil, formada por familiares, grandes comerciantes e pequenos investidores. Desse modo, este trabalho investiga a estruturação do comércio que permitiu a renovação e manutenção da mão-de-obra escrava, era dominado principalmente por estrangeiros e sobreviveu por mais de vinte anos na ilegalidade, apesar da lei de 1831 e dos acordos anglo-brasileiros. A biografia desse personagem é contada a partir da construção de sua vultosa fortuna vendendo homens, mulheres e crianças.