“Parece que a qualquer hora a gente está disponível” : a intensificação do trabalho home office docente no ensino superior público mediado pelas Tecnologias de Informação e Comunicação (TICS) no contexto da Covid-19

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2023
Autor(a) principal: SILVA, Vinícius Paulino Lopes da
Orientador(a): AMARAL, Ângela Santana do
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Pernambuco
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pos Graduacao em Servico Social
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/55537
Resumo: A dissertação em tela pousa no debate mais amplo e internacional sobre as transformações contemporâneas no mundo do trabalho mediado pelas tecnologias digitais. O objetivo geral consistiu em analisar sob quais condições (objetivas e subjetivas) o capital apropriou-se das Tecnologias de Informação e Comunicação (TICs) no espaço doméstico para intensificar o trabalho home office de docentes no Ensino Superior público no contexto da Covid-19. Os objetivos específicos foram: 1) apreender o conceito de intensificação do trabalho (mais trabalho) à luz da teoria social crítica, destacando o trabalho home office docente no Ensino Superior público na conjuntura pandêmica; 2) evidenciar as estratégias e disputas político-ideológicas da burguesia no contexto do regime de acumulação flexível para conformar um “novo” tipo de trabalhador a ser explorado pelo capital em tempos de isolamento social; e 3) identificar às mudanças que foram estimuladas pelas TICs e materializadas no cotidiano social dos(as) trabalhadores(as) em estudo, para refletir sobre as condições laborais e suas particularidades na pandemia. As categorias teórico-analíticas que sustentaram à pesquisa se articulam entre intensidade do trabalho (mais-trabalho), jornada de trabalho e tempo de trabalho. O ponto central dessa pesquisa qualitativa foi contribuir no debate crítico sobre o home office de docentes universitários no ensino público que estavam realizando as suas atividades presencialmente e no contexto de crise sanitária, passaram a reorganizar os seus processos de trabalho no espaço do lar. A problemática de pesquisa foi: “Sob quais condições (objetivas e subjetivas) o capital apropriou-se das TICs no espaço doméstico para intensificar o trabalho home office de docentes no Ensino Superior público no contexto da Covid-19?”. Os procedimentos metodológicos valeram-se de pesquisa bibliográfica e documental presente em: Marx (1982, 2006, 2014), Dal Rosso (2006, 2008, 2011), Dal Rosso e Cardoso (2015), Antunes (2009), Tonelo (2019, 2021), Christensen (2013), Morozov (2018), Harvey (2017), Banco Mundial (2003), Baruch (2001), Pratt (1984), Mendonça (2010), Jaakson e Kallaste (2010), Ward e Shabba (2011), a Lei no 12.551, de 12 de dezembro de 2011 (Brasil, 2011), Lei no 13.467, de julho de 2017 (Brasil, 2017), as portarias no 343 e no 345, de 17 e 19 de março de 2020 (Brasil, 2020b, 2020c), respectivamente, e publicadas pelo Ministério da Educação (MEC), que autorizou a realização do Ensino Remoto Emergencial (ERE), as pesquisas de Brid, Bohler e Zanoni (2020), Emiliano (2022), Undurraga, Simburgürger e Mora (2021) e Bortolan et al. (2021) filtradas no Google Acadêmico e SciELO, além do auxílio do aplicativo wordclouds (nuvem de palavras). A sintonia entre o materialismo histórico e dialético com as pesquisas coletadas e sistematizadas revelam, que, tendencialmente, o capital no contexto de crise pandêmica, forjou uma velha/nova cultura da apropriação do espaço privado e da vida social de docentes no Ensino Superior público. Na esteira desse processo, ampliou-se a jornada de trabalho (profissional e doméstica), o tempo de trabalho frente e fora das telas com os estudos e preparação de aulas (e-mail, WhatsApp, Google Classroom), o descanso converteu-se em tempo de trabalho assalariado improdutivo, responsabilização e controle de docentes pela compra e manuseio dos equipamentos tecnológicos. Portanto, esse cotidiano refletiu em adoecimentos, tais como: exaustão da visão, audição, desgaste físico, intelectual e emocional (depressão e a síndrome de Burnout).