Co-circulação de dengue e febre chikungunya em Pernambuco no período epidêmico de 2015-2018 : distribuição espacial e fatores associados ao óbito

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2023
Autor(a) principal: MENDONÇA, Marcela Franklin Salvador de
Orientador(a): MELO, Heloísa Ramos Lacerda de
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso embargado
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Pernambuco
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pos Graduacao em Medicina Tropical
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/51997
Resumo: As infecções pelos vírus dengue e o vírus chikungunya são um crescente problema de saúde pública no mundo principalmente pelo potencial de causar epidemias extensas, e pela ocorrência de grande número de casos graves e óbitos. O diagnóstico laboratorial positivo para qualquer uma dessas arboviroses, não necessariamente confirma esta arbovirose como causa do óbito. Portanto, uma investigação completa de outros fatores que podem estar envolvidos na infecção por esses vírus é necessária. Para subsidiar políticas de prevenção de doenças e agravos à saúde pública, a análise espacial tem sido incluída como importante ferramenta. Identificar e priorizar áreas com números significativos de casos de arboviroses usando o método de estatística de varredura espaço- temporal permite reorientar as ações de vigilância e controle vetorial mais eficaz. Logo, o objetivo deste estudo foi investigar o tempo até o óbito e os fatores associados aos óbitos pela dengue e chikungunya, e descrever, por meio de análise espacial, os casos dessas arboviroses, durante a primeira epidemia após a introdução do vírus chikungunya no Nordeste do Brasil. Tratou-se de um estudo de coorte retrospectivo e outro ecológico realizado em Pernambuco entre 2015 e 2018. A regressão logística foi usada para identificar fatores de risco independentes. A probabilidade de sobrevida entre indivíduos com diferentes infecções por arbovírus foi estimada e as curvas de sobrevida foram comparadas usando log-rank teste. Para a análise espacial, o método estatístico de varredura espaço-temporal de Kulldorff foi adotado para identificar aglomerados espaciais e fornecer o risco relativo. Para realizar as estatísticas de varredura foi utilizado o modelo de probabilidade de Poisson, com uma janela de varredura circular; precisão temporal anual e análise retrospectiva. Os coeficientes de letalidade para dengue e chikungunya foram 0,08% e 0,35%, respectivamente. A chance de óbito devido a chikungunya aumentou progressivamente a partir dos 40 anos de idade. Entre 40-49 anos, a razão de chances foi de 13,83 (IC 95%, 1,80-106,41). Entre 50-59 anos e 60 anos ou mais, a razão de chances foi de 27,63 (IC 95%, 3,70-206,48); e 78,72 (IC 95%, 10,93– 566,90), respectivamente. A probabilidade de óbito associada à infecção pelo vírus da dengue aumentou a partir dos 50 anos de idade. Entre indivíduos de 50 a 59 anos e 60 anos ou mais, a razão de chances foi de 4,30 (IC 95%, 1,80–10,30) e 8,97 (IC 95%, 4,00–20,0), respectivamente. Fatores de risco independentes para óbito na dengue foram cefaleia e idade igual ou superior a 50 anos; e cefaleia, náusea, dor nas costas, artralgia intensa, idade de 0 a 9 anos ou 40 anos ou mais, e sexo masculino para óbito na chikungunya. A razão entre as taxas de mortalidade revelou que o tempo até o óbito por dengue foi de 2,1 vezes mais rápido que o da chikungunya (95% CI, 1,57–2,72). A análise espaço-temporal da prevalência no estado de Pernambuco revelou a presença de quatro clusters nos anos de 2015 e 2016. A distribuição espacial da taxa de mortalidade no município de Recife suavizada pelo estimador Bayesiano empírico local permitiu que um padrão espacial fosse identificado no sudoeste e nordeste do município. A análise espaço-temporal da taxa de mortalidade revelou a presença de dois clusters no ano de 2015. Nossos achados revelam que o tempo até o óbito foi menor em pacientes com dengue do que naqueles com chikungunya. A análise espaço-temporal de Kulldorff mostrou-se viável na identificação das áreas de risco para ocorrência de arboviroses, podendo ser incluída nas rotinas de vigilância para otimizar as estratégias de prevenção durante futuras epidemias.