Desfecho clínico e sobrevida das síndromes neurológicas associadas as arboviroses em contexto epidêmico para os vírus da Zika, Chikungunya e Dengue em Pernambuco: um estudo observacional prospectivo
Ano de defesa: | 2020 |
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Autor(a) principal: | |
Orientador(a): | |
Banca de defesa: | |
Tipo de documento: | Tese |
Tipo de acesso: | Acesso embargado |
Idioma: | por |
Instituição de defesa: |
Universidade Federal de Pernambuco
UFPE Brasil Programa de Pos Graduacao em Medicina Tropical |
Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: | |
Link de acesso: | https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/39179 |
Resumo: | O Nordeste do Brasil vivenciou uma tríplice epidemia com a circulação simultânea dos vírus da dengue (DENV), vírus chikungunya (CHIKV) e vírus Zika (ZIKV), o que pode ter contribuído para o aumento observado nesta região das formas atípicas e mortes. Diante desse fato, as doenças neurológicas não congênitas relacionadas aos arbovírus foram comparadas com outras etiologias para avaliar as taxas de mortalidade e sobrevida, além de descrever os fatores de risco associados ao óbito e incapacidade por neuro-chikungunya em pacientes internados em hospitais de referência em neurologia do estado de Pernambuco, Nordeste do Brasil, de 2015 a 2018. Amostras de sangue e líquido cefalorraquidiano foram coletadas e testadas por meio de ensaios moleculares e sorológicos. Os grupos expostos a arbovírus foram comparados com relação às características epidemiológicas, clínicas e neurológicas usando o teste Qui-quadrado de Pearson. Para a análise de sobrevida, foram utilizados os testes de Kaplan-Meier e Hazard Ratio (HR), com intervalo de confiança (IC) de 95%. A encefalite e a encefalomielite foram mais frequentes nos arbovírus, enquanto a mielite predominou nos distúrbios neurológicos de outras etiologias. A Síndrome de Guillain-Barré (SGB) foi distribuída de forma semelhante entre os grupos. A exposição a um dos arbovírus causou um aumento de seis vezes no risco de morte (HR: 6,37; IC: 2,91 - 13,9). Entre os grupos expostos a arbovírus, a infecção DENV / CHIKV aumentou nove vezes o risco de morte (HR: 9,07; IC: 3,67 - 22,4). A curva de sobrevida indica que ter sido exposto a algum arbovírus diminuiu a probabilidade de sobrevida em comparação com aqueles com outras etiologias (Log-Rank: p <0,001). Dos 71 pacientes confirmados com CHIKV, 85,9% tiveram invalidez ou óbito. Lesões hiperintensas na ressonância magnética foram evidenciadas em um paciente com neuro-chikungunya. Alguns fatores de risco para o agravamento da doença foram: idade avançada (65 anos) (p = 0,010), diabetes mellitus (p = 0,033), diminuição da consciência (p = 0,013), aumento da proteína e celularidade do LCR (p = 0,001), aumento dos níveis de ureia (p <0,001) e achados de neuroimagem (p = 0,021). Do grupo que evoluiu com alta hospitalar (40/71), 75% (30/40) apresentou incapacidade. Nesse cenário, as manifestações neurológicas de DENV, CHIKV e ZIKV têm o potencial de aumentar a mortalidade e diminuir a sobrevida, sendo a infecção concomitante DENV/CHIKV um fator agravante na redução da probabilidade de sobrevida quando comparada às monoinfecções. Em nosso estudo, a gravidade da infecção por CHIKV é notável, com pacientes evoluindo com incapacidade neurológica ou morte. |