A ressignificação das práticas docentes de produção textual e suas implicações para o ensino e a avaliação da escrita

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2019
Autor(a) principal: SILVA, Elaine Cristina Nascimento da
Orientador(a): SUASSUNA, Lívia
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Pernambuco
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pos Graduacao em Educacao
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/33922
Resumo: Nesta pesquisa, investigamos o processo de reflexão por parte de uma professora sobre sua prática de ensino e avaliação da produção textual. Partimos de uma concepção de língua como interação (VOLOSHINOV, 2002) e de produção de texto como atividade complexa, ao mesmo tempo social, cognitiva e discursiva (COSTA VAL e VIEIRA, 2005; BRONCKART, 1999; ANTUNES, 2003), a qual precisa ser sistematicamente ensinada na escola (BUNZEN, 2006; MOTTA-ROTH, 2006; GERALDI, 1997; 2003; MENEGASSI e FUZA, 2008). O sujeito da pesquisa foi uma professora do Colégio de Aplicação da UFPE-CAp, que regia, na época, uma turma do 6º ano. Ela desenvolveu uma sequência didática envolvendo o gênero textual notícia e contendo atividades de produção, avaliação, revisão e reescrita textuais. Durante a realização da sequência, utilizamos, como procedimento de geração de dados, a autoconfrontação simples, delimitada por Clot (2007; 2010), tendo sido a professora convidada, em cinco encontros, a assistir a suas aulas (gravadas em vídeo) e a falar sobre elas. Para analisarmos os dados gerados, utilizamos a análise de conteúdo de Bardin (2016), além de nos basearmos em conceitos delimitados por Goigoux (2001; 2002; 2007), Goigoux e Vergnaud (2005) e Clot (2007; 2010), e nas reflexões sobre o trabalho docente feitas por Schön (1995; 2000), Chartier (2007) e Tardif (2014). Através das análises, verificamos, em relação aos aspectos que são objetos de reflexão pela professora, que ela explicitou verbalmente os esquemas e os saberes mobilizados durante a sequência didática para ensinar seus alunos a produzirem textos. Em relação aos esquemas, ela conseguiu esclarecer seus objetivos didáticos, bem como as regras de ação e os teoremas em ação por ela mobilizados em sala de aula. A esse respeito, constatamos que ela destacou não apenas esquemas específicos ao ensino da produção de texto, mas também esquemas mais amplos, que extrapolam a área de língua portuguesa. Da mesma forma, identificamos que a professora mobiliza diversos saberes para falar sobre a sua prática (profissionais, curriculares, experienciais e disciplinares). Ao mobilizar saberes acadêmicos relativos ao ensino de produção de texto, notamos uma articulação estreita entre sua prática e os pressupostos teórico-metodológicos que constituem a perspectiva de ensino sociointeracionista. No que diz respeito às decisões tomadas no processo de ensino, a professora conseguiu explicitar e justificar muitas de suas escolhas, as quais atribuiu, principalmente, às circunstâncias da sala de aula, agindo de forma adaptada de acordo com as características dos seus alunos, os resultados de aprendizagem obtidos por eles e o contexto mais imediato de ação. Constatamos também alguns indícios de possíveis implicações das reflexões feitas pela professora para a ressignificação de suas práticas de ensino da produção textual. Assim, entendemos que a professora, através dos encontros de autoconfrontação, passou a tomar conhecimento de certas ações didáticas bastante recorrentes em seu agir cotidiano, demonstrando uma maior consciência de sua ação e um maior conhecimento da sua prática. A pesquisa indicou que pode haver ganhos na utilização de procedimentos como a autoconfrontação na formação inicial- e continuada de professores, bem como nas pesquisas sobre os saberes e fazeres docentes.