A contribuição da analítica existencial heideggeriana na concepção de pluralidade presente em a condição humana de Hannah Arendt

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2009
Autor(a) principal: José do Nascimento, Fernando
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Pernambuco
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/6414
Resumo: A pluralidade é um dos baluartes da teoria política de Hannah Arendt. Perpassa a sua obra quase inteiramente. Faz-se notar desde As origens do totalitarismo, publicada em 1951, livro que deu notoriedade internacional a autora, até A vida do espírito, de 1978, póstuma; mas, é em A condição humana, de 1958, que ganha um lugar imprescindível. Seguindo as indicações desse escrito podemos caracterizar a pluralidade como à condição da ação e do discurso. Esses dois aspectos que lhe são inerentes manifestam a singularidade humana. Isto é, somente na presença de outros com e entre os quais agimos e falamos, que nos são iguais e diferentes, é que podemos ir desvelando o Quem que cada um de nós é. Isso pode significar algumas convergências com a analítica existencial heideggeriana, apesar de não tê-la necessariamente como única fonte de inspiração e de também poder apresentar alguma divergência. O Dasein nunca se dá isoladamente, ele é sempre ser-com, é co-presença e neste mesmo sentido o mundo é sempre mundo compartilhado, viver é conviver. No pensamento de Heidegger não há lugar para se pensar em um si-mesmo isolado da presença dos outros, visto que até na decisão resoluta do Dasein de assumir o peso de sua finitude, seu modo de ser mais próprio, isso se dá simultaneamente a todos os outros modos de ser. Não há como separar o ser-para-morte do ser-no-mundo e do ser-com-os-outros. Aceitando essa interpretação podemos perceber que o Dasein mesmo em seu modo de ser mais próprio, na singularização permitida pela angústia fundamental, manifesta e não nega a pluralidade que lhe é inerente. Arendt insinua essa compreensão de Heidegger a partir dos anos cinquenta. Dessa forma, pode-se assumir como possibilidade, a partir dessa reinterpretação da analítica existencial, que a noção de mundo e de Dasein como ser-nomundo e ser-com tem um papel importante para a noção de pluralidade como a paradoxal pluralidade de seres singulares , desenvolvida em A condição humana. O presente texto versa sobre essa possível aproximação entre os autores. Procuramos resgatar o legado heideggeriano sobre uma autora e um tema que cada vez mais são estudados com recorrência na contemporaneidade. A pluralidade é uma das categorias atuais mais visitadas em diversas áreas do saber, isso por causa do seu potencial de fazer refletir sobre a igualdade e o respeito às diferenças