Manuscritos culinários femininos: escrituras das práticas de linguagem do trabalho na cozinha
Ano de defesa: | 2011 |
---|---|
Autor(a) principal: | |
Orientador(a): | |
Banca de defesa: | |
Tipo de documento: | Dissertação |
Tipo de acesso: | Acesso aberto |
Idioma: | por |
Instituição de defesa: |
Universidade Federal da Paraíba
BR Linguística Mestrado Profissional em Linguística UFPB |
Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
|
Departamento: |
Não Informado pela instituição
|
País: |
Não Informado pela instituição
|
Palavras-chave em Português: | |
Link de acesso: | https://repositorio.ufpb.br/jspui/handle/tede/6357 |
Resumo: | As receitas culinárias presentes nos manuscritos culinários denotam uma escritura do cotidiano feminino que revela memórias, identidades e segredos, a partir dos registros linguísticos e da atividade trabalhista. Analisar as vozes presentes nesses cadernos de receitas é apontar para uma atividade de trabalho ligada ao mundo destinado socialmente à mulher, identificando rastros da linguagem do trabalho na cozinha. As mulheres que exercem profissionalmente a atividade culinária na cidade de Nova Palmeira/PB registram em seus manuscritos traços da memória da cidade, do tempo e do local da cultura (BHABHA, 1998) em que se encontram. A partir daí, pode-se decodificar a linguagem própria do gênero discursivo receita culinária e os registros linguísticos da oralidade, por ser o manuscrito a última instância da voz (ZUMTHOR, 1993). Os cadernos de receita culinária se inscrevem em uma tradição de narrativas sobre a alimentação no Brasil, constituindo a formação da identidade nacional, por meio das escolhas e coerções sociais ligadas aos sabores historicamente determinados. Enquanto escritura do trabalho prescrito, o manuscrito culinário evoca os padrões técnicos, sociais e linguísticos para o trabalho na cozinha, diferenciando-se do trabalho real, efetivamente realizado. A linguagem como trabalho associa-se à linguagem no trabalho, transpassando as vozes que circulam no entorno da atividade trabalhista e à linguagem sobre o trabalho, por meio dos discursos que as trabalhadoras enunciam. Os manuscritos culinários, assim, são repositórios das memórias familiares, dos segredos profissionais, da experiência laboral, das identidades femininas e da linguagem associada ao trabalho na cozinha, lócus de atividade doméstica e remunerada. |