Pensamento cenológico na obra de Lina Bo Bardi (1976-1992)

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2023
Autor(a) principal: Silva, Mateus Bertone da lattes
Orientador(a): Costa, Francisco de Assis da lattes
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal da Paraíba
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo
Departamento: Arquitetura e Urbanismo
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: https://repositorio.ufpb.br/jspui/handle/123456789/30183
Resumo: Esta tese analisa teórica e historicamente a presença da dimensão teatral que emerge da obra arquitetônica de Lina Bo Bardi (1914- 1992), notadamente na sua fase madura, compreendida entre 1976, quando redige o artigo Planejamento ambiental: ‘desenho’ no impasse e volta a projetar para a cidade de São Paulo, e 1992, o ano de sua morte, através de diversas fontes, dentre elas os registros de processo dos projetos arquitetônicos e urbanísticos, executados ou não, os quais apresentam emblemáticas e instigantes similaridades aos processos criativos, bem como a aspectos perceptivos e comunicativos do espaço no Teatro. A interlocução com os grupos teatrais com os quais a arquiteta trabalhou ao longo de pelo menos três décadas, e sua clara inserção como agente constitutiva e crítica dos particulares contextos históricos em que se insere esta produção, foram engendradas por um pensamento original, no qual a trama entre as linguagens da Arquitetura e do Teatro está colocada a serviço de um “programa” ao mesmo tempo estético e político e do qual se deslinda a epistemologia projetual de Lina Bo Bardi, em sentido amplo. Para além das contínuas referências feitas pela arquiteta a conceitos do universo teatral ou ainda diretamente a teatrólogos, são nos registros gráfico-visuais dos projetos que podemos observar e decifrar, motabilem, aquela trama apontada e donde uma memória latente e fabular dos artefatos, soluções, paisagens e vivências de “inspiração” popular intervém enquanto narrativa norteadora: uma dramaturgia que se realiza incorporada à materialidade mesma de sua linguagem artística primordial, a arquitetura, por meio da competência que esta arte tem, qual no teatro, de ficcionar. A reinvenção dialógica de formas, matérias e técnicas de expressão “popular” emulando os sentidos desta vivência espaço-temporal pela vereda da teatralidade se mostra como artimanha projetual crítica e operativa – ou seja, a um só tempo de resistência e de ‘vingança’ – pela qual se programa prefigurações de uma outra Modernidade possível, num período inflamado por memórias e pela urgência de ação, sob o clima histórico de incertezas, mas, também de esperanças, sentidas com a reabertura política e a instauração da Nova República no Brasil.