Morfodinâmica da praia estuarina do Cajuúna, Soure, Marajó – Pará

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2016
Autor(a) principal: BITTENCOURT, Lorena Amaral lattes
Orientador(a): EL-ROBRINI, Maâmar lattes
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal do Pará
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-Graduação em Geologia e Geoquímica
Departamento: Instituto de Geociências
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: http://repositorio.ufpa.br/jspui/handle/2011/10638
Resumo: A praia do Cajuúna está localizada no município de Soure (0°37' 41.971" S – 48° 28' 56.980" W e 0° 38' 54.888" S – 48° 29' 6.867" W), na margem leste da ilha do Marajó no estado do Pará. Esta praia é recortada por canais de marés (um no meio e os dois nas extremidades), e é influenciada por parâmetros meteorológicos (ventos, chuvas, tempestades), hidrológicos (descarga hídrica e sólida do estuário do rio Pará) e hidrodinâmicos (ondas, correntes de maré). O objetivo desta dissertação é de identificar a morfodinâmica da praia estuarina do Cajuúna através de análises sazonais, podendo esclarecer questionamentos sobre quais feições morfológicas são características durante os períodos chuvoso e menos chuvoso; quais as variações texturais dos sedimentos; qual a maior forçante desta variação no transporte e distribuição dos sedimentos e com que intensidade e direção preferencial estes são transportados. Foram realizadas duas campanhas de campo: durante os períodos chuvoso de maré equinocial (01/04/2014) e menos chuvoso (23/11/2014). A praia se estende por 4 km, sua largura varia de 100 a 489 m, onde foram aplicados 7 perfis topográficos com equidistância de 300 m. A praia foi dividida em 3 setores: perfis A e B - setor 1, perfis C, D e E - setor 2, perfis F e G - setor 3. As amostras de sedimentos foram coletadas a partir de: (1) medição pontual do transporte longitudinal na zona de surfe (armadilhas) e (2) ao longo de perfís topográficos, adotando a zonação morfológica (Souza Filho et al., 2003). Ainda, dados de ondas e correntes adquiridos na zona de surfe. As amostras de sedimentos foram submetidas ás análises e classificadas de acordo com o método de Folk e Ward (1957), Diagramas de Shepard (1954) e de Pejrup (1988). Além destes foram produzidos os parâmetros morfométricos: Variação de volume sedimentar (Vv), Declividade da face praial (β), Largura da praia (Yb), Coeficiente de variação da linha de costa (CVYb), Velocidade de decantação das partículas sedimentares (Ws), Estado morfodinâmico praial (Ω) de Dean (1973) e a variação relativa da maré (RTR - Relative Tide Range) de Davies e Hayes (1984), sugerido por Masselink e Short (1993). Os resultados mostram que a praia do Cajuúna é composta por sedimentos que variam de areia fina (< 2 a 3 Φ) a muito fina (< 3 a 4 Φ), com bom grau de selecionamento (0,35 a 0,50 Φ) de muito bem selecionado (< 0,35 Φ) a moderadamente selecionado (0,50 a 1,00 Φ) no período menos chuvoso. A assimetria se manteve aproximadamente simétrica tendendo a valores positivos (0,10 a 0,30 Φ), muito positivos (0,30 a 1,00 Φ) e negativos (-0,30 a -0,10 Φ) e a curtose predominante nos dois períodos foi a leptocúrtica (1,11 a 1,50 Φ), variando para muito leptocúrtica (1,50 a 3,00 Φ), mesocúrtica (0,90 a 1,11 Φ) e platicúrtica (0,67 a 0,90 Φ). Esta praia apresentou balanço positivo no volume sedimentar do período chuvoso (menor volume 134 m³/m e maior volume 955 m³/m) para o menos chuvoso (menor volume 74 m³/m e maior volume 1.567 m³/m), sendo crescente, havendo exceção no setor 2 onde ocorre o decréscimo no volume sedimentar (de 136 m³/m no período chuvoso para 74 m³/m no menos chuvoso). A praia do Cajuúna se mantém mais larga no período chuvoso; o coeficiente de variação da linha de costa também foi maior neste período; entretanto os setores 1 e 3 foram mais largos no período menos chuvoso (áreas abrigadas). Esta praia teve baixa declividade (< 2,0°) nos dois períodos, relacionada com a presença de sedimentos finos. Prevaleceu o estado morfodinâmico (Ω) intermediário nos dois períodos; Terraço de Baixa Mar (TBM) no período chuvoso e variação entre Terraço de Baixa Mar e Banco de Praia de Cúspide (BPC) no período menos chuvoso. O RTR classificou a praia como intermediária nos períodos menos chuvoso e chuvoso, com interação onda-maré (RTR < 7), ocorrendo variação no período menos chuvoso, uma classificação refletiva, dominada por onda, com RTR < 3. Na zona de surfe, a fração de areia fina (< 3 a 4 Ф) foi dominante nos períodos chuvoso (máximo de 74,27 g) e menos chuvoso (máximo de 562,61) durante as marés vazantes no setor 2; a fração silte se manteve alta (100g), chegando a ultrapassar a fração dominante no período menos chuvoso; e a argila teve a menor quantidade nos dois períodos (mínimo de 0,27g e máximo de 23,48g). O ângulo de incidência das ondas variou de NW (período chuvoso) para NE (período menos chuvoso). A maior altura de ondas foi registrada durante a maré vazante nos dois períodos (1,074 m no período chuvoso e 2,94 m no menos chuvoso). A velocidade dos ventos foi mais intensa durante a enchente no período chuvoso (8,4 m/s), e na vazante no menos chuvoso (10,3 m/s). A intensidade das correntes de maré foi maior durante a enchente nos períodos chuvoso (0,73 m/s) e menos chuvoso (0,35 m/s). Várias feições como cristas e calhas, paleomangue, dunas, esporão arenoso e canais ocorrem na praia do Cajuúna, são formadas e/ou modificadas sazonalmente pelas forçantes meteorológicas, hidrológicas e hidrodinâmicas. A compreensão da morfodinâmica da praia do Cajuúna é importante, tendo em vista a sua localização estratégica, acima das praias da região leste da ilha do Marajó, sofre influencia direta da foz do rio Pará e faz parte de uma Área de Proteção Ambiental (APA). Apesar da implementação de um Plano de Gerenciamento Costeiro (GERCO / PA), em alguns trechos da região Nordeste do Pará; até hoje, a Ilha do Marajó não apresenta uma metodologia bem definida para o prognóstico e monitoramento da erosão costeira. Diante disto, é necessário determinar como o aumento do nível do mar está afetando a margem Leste da Ilha do Marajó. Este estudo faz contribuição a Organização do Tratado de Cooperação Amazônica (OTCA), no projeto “Adaptation to Sea Level Rise in the Amazon Delta” que objetiva a avaliação das consequências do aumento do nível do mar causados pela mudança climática global sobre os entornos da ilha do Marajó (margens Leste e Norte).