Ação coletiva entre assentados da reforma agraria: o grupo de mutirão no assentamento Benedito Alves Bandeira, município do Acará / Pará
Ano de defesa: | 2010 |
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Autor(a) principal: | |
Orientador(a): | |
Banca de defesa: | |
Tipo de documento: | Dissertação |
Tipo de acesso: | Acesso aberto |
Idioma: | por |
Instituição de defesa: |
Universidade Federal do Pará
Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária |
Programa de Pós-Graduação: |
Programa de Pós-Graduação em Agriculturas Amazônicas
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Departamento: |
Instituto Amazônico de Agriculturas Familiares
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País: |
Brasil
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Palavras-chave em Português: | |
Área do conhecimento CNPq: | |
Link de acesso: | http://repositorio.ufpa.br/jspui/handle/2011/13091 |
Resumo: | Este trabalho tem como objetivo o estudo das estratégias coletivas desenvolvidas pelos agricultores familiares assentados no projeto de assentamento da reforma agrária Benedito Alves Bandeira (BAB), no município do Acará, Estado do Pará, a partir da prática do mutirão. A pesquisa foi realizada no período de junho a novembro de 2009 e no mês de janeiro de 2010. A metodologia constou de abordagens qualitativas e quantitativas, tendo como principais procedimentos: revisão de literatura, entrevistas estruturadas e semiestruturadas, observações e levantamento de dados secundários. Os resultados mostram uma forma peculiar de ação coletiva, na qual um grupo (10% do total dos assentados) engajado na prática de mutirão assumiu a direção da associação que gerencia o assentamento em geral. Contribuiu para isso, o fato de que o grupo do mutirão, na sua prática, não tratou apenas de questões relacionadas à produção, como é comum nos mutirões, mas também das ações políticas, econômicas e sociais do assentamento. Enquanto muitos estudos sobre assentamentos da reforma agrária apontam a resistência dos assentados à produção agrícola coletiva, promovida especialmente pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), a experiência analisada mostra a aceitação do trabalho coletivo de um grupo de assentados reunidos pelo mutirão para a produção agrícola. Foram identificados os seguintes fatores que favoreceram esta forma de trabalho: a) um preparo anterior dos líderes pela igreja católica; b) a realização voluntária da atividade; c) o dono do lote administra as atividades do mutirão; d) os próprios usuários definem as regras, e; e) o tamanho do grupo. A experiência do trabalho coletivo nos lotes orienta também as ações realizadas pela associação, cujas reuniões acontecem de forma rotativa nas casas onde são realizados os mutirões. Apesar do exemplo dessa prática utilizada no assentamento desde o inicio de sua criação, há resistências dentro e fora do mesmo à gestão do grupo de mutirão frente à associação, caracterizadas por interesses individuais e jogos de poder dos adversários, envolvendo até órgãos governamentais. Este estudo contribuirá para a compreensão das estratégias de reciprocidade que facilitam a ação coletiva entre assentados no nordeste paraense articulando dois fenômenos: a pouca probabildade da cooperação, segundo a lógica da ação coletiva (Olson, 1965) que questiona a disposição de um grupo de se engajar para os objetivos comuns, e a promoção da cooperação por meio de estruturas de reciprocidade. |