A organização do trabalho familiar sob a influência do cultivo do dendê na comunidade Santa Maria/Tomé-Açu-Pará

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2017
Autor(a) principal: CAETANO, Márcia Coutinho lattes
Orientador(a): MOTA, Dalva Maria da lattes
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal do Pará
Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-Graduação em Agriculturas Amazônicas
Departamento: Instituto Amazônico de Agriculturas Familiares
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: http://repositorio.ufpa.br:8080/jspui/handle/2011/14951
Resumo: Nesta dissertação, minha pretensão foi analisar as novas evidências do trabalho familiar num contexto de incentivo à especialização para o cultivo de dendê. Trata-se de uma localidade no município de Tomé-Açu, um dos pólos de produção de dendê no estado do Pará. Este município abriga diferentes formas de agriculturas (familiar e empresarial) e relações de trabalho, destacando-se no cenário estadual pela produção de frutas, pimenta do reino, culturas alimentares e, recentemente, dendê no escopo do Programa de Produção Sustentável de Palma de Óleo, a partir de 2010. A produção de dendê se dá por meio de monocultivo em estabelecimentos empresariais e familiares sob a condição de integração (agricultura por contrato). O objetivo desta pesquisa é analisar a organização do trabalho dos camponeses que cultivam dendê por meio de contratos de integração com a empresa Belém Bioenergia Brasil. A pesquisa foi realizada na localidade rural de Santa Maria, situada no município de Tomé-Açu, nordeste paraense. A metodologia privilegiou as abordagens qualitativas e quantitativas com revisão de literatura e levantamento de dados primários e secundários. Um estudo de caso foi realizado com todos os camponeses que têm contrato de integração e residem na localidade. Os procedimentos constaram de observações e entrevistas (estruturadas e não diretivas). As observações foram realizadas nas esferas domésticas e da produção. Já as entrevistas foram realizadas com os autodesignados chefes das famílias. Ademais, conversas livres ocorreram com outros membros da localidade sobre o histórico do lugar, as manifestações religiosas e de lazer, as opções e formatos do trabalho. As principais conclusões mostram que o trabalho familiar passa por redefinições para realizar o cultivo do dendê em decorrência de: i) os sistemas de produção serem compostos por mandioca, dendê, frutíferas, culturas alimentares (milho, feijão e arroz) e a criação de pequenos animais; ii) a mão de obra familiar não ser suficiente, quer seja pela insuficiência quantitativa, quer seja pela qualitativa, pois o trabalho de dendê requer força física associada aos homens jovens; iii) a maioria das mulheres se dedicar apenas ao trabalho de adubação, atividade que não exige força física, havendo algumas exceções; iv) haver concentração das mulheres nas atividades domésticas; v) desconhecimento por parte dos integrados em relação ao que está proposto no contrato; vi) necessidade da contratação da mão de obra de camponeses integrados, na condição de diaristas, em todos os estabelecimentos para tarefas no cultivo do dendê no intuito de cumprir contrato; vii) a migração de alguns jovens dos grupos domésticos para trabalharem como assalariados nas agroindústrias de dendê. Apesar desse panorama influenciado pelo advento da integração de camponeses no cultivo do dendê estes têm perspectivas promissoras em relação a melhorias de vida e renda.