Mulheres entre enfeites & caminhos: cartografia de memórias em saberes e estéticas do cotidiano no Marajó das florestas (S.S. da Boa Vista – Pa)

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2013
Autor(a) principal: JARDIM, Ninon Rose Tavares lattes
Orientador(a): PACHECO, Agenor Sarraf lattes
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal do Pará
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-Graduação em Artes
Departamento: Instituto de Ciências da Arte
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: http://repositorio.ufpa.br/jspui/handle/2011/7871
Resumo: Nesta pesquisa apresento uma cartografia do saber-fazer com fibras de jupati, tecido por mulheres dos rios Chaves, Pirarara, Seringueiro, Urucuzal e da Vila de Nazaré, no município de São Sebastião da Boa Vista, no Marajó das Florestas-Pa. A questões norteadoras que orientaram a investigação foi analisar como essas mulheres da floresta marajoara constroem o saber-fazer na criatividade artística de tecer fibras? Quais os significados dessa arte em suas vidas? Como suas Obras dialogam com a tradição e o contemporâneo? De que modo essa arte vem se (res)significando ao longo do tempo? Seguindo orientações teóricas dos Estudos Culturais e do Pensamento Pós-Colonial em conexões com o campo da Arte e por meio da metodologia da História Oral, procurei etnografar a paisagem física, humana e cultural de uma comunidade rural amazônica; captar a estética elaborada no cotidiano, os sentidos do saber-fazer gestados na feitura de Enfeites e Caminhos entre formas e coloridos. Neste enredo, analiso o processo produtivo e criativo durante o fazer em fibra na relação com os tempos do viver marajoara; discuto como essa arte é absorvida pelo mercado; trago à cena a arte em fibra de jupati no diálogo com questões conceituais do campo da arte, relacionando tradição e modernidade, culto e popular, arte, vida e estética do cotidiano, entrelaçados aos olhares das mulheres sobre sua Obra e os significados simbólicos, estéticos e formais. No modo de alinhavar Enfeites e Caminhos, busco aproximações com memórias indígenas e heranças históricas; analiso a morfologia da tessitura, as relações cromáticas, as funções que essa arte tem na vida dessas mulheres e as significações icônicas, indiciais e simbólicas das composições artísticas. Mergulhada nesse universo, descubro que o saber-fazer em fibras está articulado a cosmologias e ecossistemas estéticos; a arte em fibras é conhecimento e meio de vida; as Obras expressam sentimento de prazer, de gostar de tecer, incitando transgressões de códigos cosmológicos locais; fortalecem laços familiares, ligam gerações pela tradição do tecer, estabelecem encontros familiares, momentos de intimidade, cumplicidade, aprendizagem, disputas, conquistas entre mães, filhas e irmãs; (re)afirmam identidades, autoridades artísticas, estabelecendo códigos de respeito e hierarquias no reconhecimento acerca da qualidade do tecer.