Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2023 |
Autor(a) principal: |
SOUZA, Nayra Michelly das Chagas
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Orientador(a): |
MILHOMEM NETO, João Marinho
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Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Dissertação
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Universidade Federal do Pará
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Programa de Pós-Graduação: |
Programa de Pós-Graduação em Geologia e Geoquímica
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Departamento: |
Instituto de Geociências
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País: |
Brasil
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Palavras-chave em Português: |
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Área do conhecimento CNPq: |
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Link de acesso: |
https://repositorio.ufpa.br/jspui/handle/2011/16261
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Resumo: |
O Neoproterozoico é um período marcado por grandes eventos de mudanças climáticas globais, onde ocorreu a glaciação Marinoana (645 a 635 Ma), na transição do Criogeniano para o Ediacarano. No cenário pós-glacial, capas carbonáticas são encontradas sistematicamente sobre diamictitos tendo sido depositadas imediatamente após esses sedimentos glaciais. As capas carbonáticas existentes em diversas partes do mundo são de grande interesse pois fornecem informações sobre condições paleoambientais e paleoclimáticas para a precipitação de carbonatos, podendo-se chegar à composição da água do mar na época da deposição destes, em períodos de grandes perturbações dos oceanos. Na borda sul do Cráton Amazônico, a Formação Mirassol d'Oeste e a Formação Guia constituem a capa carbonática marinoana do Grupo Araras. Na mina Calcário Tangará (Tangará da Serra – MT), essas formações são compostas de depósitos de dolomita de plataforma moderadamente profunda (Formação Mirassol d'Oeste) cobertos por calcários e folhelhos betuminosos de plataforma profunda saturada de CaCO3 (Formação Guia), que se sobrepõem aos diamictitos da Formação Puga. Foram utilizadas onze amostras localizadas na parte média e superior do perfil (de 45m a 65m), com os métodos de geocronologia Pb-Pb por espectrometria de massa ICP-MS Neptune, geoquímica isotópica do Sr por lixiviação sequencial em espectrômetro de massa TIMS MAT-262, e geoquímica isotópica Sm-Nd por dissolução total da fase carbonática em espectrômetro de massa ICP-MS Neptune. Os dados geocronológicos Pb-Pb para a Formação Guia confirmaram a idade Marinoana para deposição da camada carbonática, com 622 ± 30 Ma, a qual se encontra em conformidade com trabalhos anteriores. Em relação às composições isotópicas de Sr na base de tal Formação, estas forneceram razão 87Sr/86Sr de 0,7071 – 0,7073 nos carbonatos, as quais estão dentre os valores mais baixos encontrados no mundo para capas marinoanas. Para a porção superior da Formação Guia, foram encontrados valores mais elevados (0,70702 ± 00014 a 0,70769 ± 000012; 2σ), os quais se encontram em concordância com a base desta Formação e com outras capas carbonáticas marinoanas ao redor do mundo. Globalmente, este aumento abrupto da composição isotópica de Sr é também observado nas diversas capas carbonáticas marinoanas, variando de 0,7070 a 0,7086. As idades-modelo Nd-TDM apresentaram-se entre 1,85 e 2,54 Ga, com valores de ԐNd(635Ma) variando de -11,1 a -4,7, porém sem que haja uma tendência crescente ou decrescente. As metodologias auxiliares consistiram na identificação da composição mineralógica, através da petrografia no microscópio óptico para a fase carbonática, da difração de Raios-X para a fase siliciclástica, e da quantificação do material siliciclástico, os quais confirmaram a presença de material terrígeno (quartzo, feldspato e mica) nos carbonatos da Formação Guia em diferentes proporções nas amostras (de 5,9% a 19,8%). Foram observados também na petrografia alguns aspectos diagenéticos, como dolomitização e substituição dos leques de aragonita por calcita. As variações da composição isotópica de Sr e Nd podem refletir mudança rápida da composição isotópica da água do mar, possivelmente relacionada ao influxo continental, com a incorporação de tais elementos durante a diagênese. As idades-modelo Nd-TDM dos carbonatos da Formação Guia são comparáveis às da crosta continental encontrada em rochas das províncias paleoproterozoicas do Cráton Amazônico, que forma o embasamento do Grupo Araras. Os valores negativos de ԐNd(635Ma) provavelmente indicam a presença de Nd de material suspenso transportado do continente para a água do mar de onde precipitaram os carbonatos. Assim como para o Sr, as variações aleatórias de Nd-TDM e ԐNd sugerem mudanças importantes e rápidas na contribuição continental para os oceanos pós-marinoanos. |