Geoquímica isotópica Sr e geocronologia Pb-Pb da capa carbonática neoproterozoica do Grupo Araras, Tangará da Serra, MT

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2012
Autor(a) principal: ROMERO, John Alexander Sandoval lattes
Orientador(a): LAFON, Jean Michel lattes
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal do Pará
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-Graduação em Geologia e Geoquímica
Departamento: Instituto de Geociências
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: http://repositorio.ufpa.br/jspui/handle/2011/11448
Resumo: As capas carbonáticas neoproterozóicas têm sido alvo de inúmeros estudos quimiestratigráficos e paleoambientais ao redor de quase todas as regiões cratônicas do mundo. Foram depositadas após eventos de glaciação globais e consistem em dolomitos e calcários primários recobrindo diamictitos glaciais com feições típicas como estromatólitos, estruturas tubiformes, acamamento de megamarcas onduladas e leques de cristais de calcita, interpretados como pseudomorfos de aragonita. No Brasil, a ocorrência principal e objeto de estudo são encontrados nos municípios de Mirassol d ́Oeste e Tangará da Serra, sudoeste do Estado de Mato Grosso, sul do Cráton Amazônico, recobrindo diamictitos glaciais com idade em torno de 635 Ma. A capa carbonática faz parte da base do Grupo Araras sendo composta pelos dolomitos da Formação Mirassol d ́Oeste e pelos calcários e folhelhos betuminosos da base da Formação Guia. O objetivo deste trabalho visa consolidar, uma idade do inicio do Ediacariano para a capa carbonática da região de Tangará da Serra, por meio da geocronologia Pb-Pb, e trazer novos dados isotópicos de Sr que contribuam para o entendimento das condições paleoambientais de deposição destas rochas, bem como para a elaboração da curva de evolução do Sr no Neoproterozóico. Foram coletadas 36 amostras posicionadas no topo da Formação Mirassol d ́Oeste (13 amostras) e na Formação Guia (23 amostras), para análises petrográficas, de difração e fluorescência de raios X, assim como para análises isotópicas de Sr e datação pelo método Pb-Pb por lixiviação em rocha total, utilizando a espectrometria de massa TIMS e ICP-MS. As análises petrográficas permitiram reconhecer feições diagenéticas como, estilólitos, grãos de dolomita recristalizados, preenchimento de dolomita espática, presença de óxidos de ferro e quartzo autigênico nos dolomitos da Formação Mirassol d ́Oeste. Na Formação Guia, foram observados leques de cristais de calcita parcialmente substituída por dolomita espática, fraturas preenchidas por óxidos de ferro, estilólitos, microfraturas preenchidas por calcita e dolomita secundaria, quartzo e feldspato nos calcários da Formação Guia. A análise de difração de raios X complementou a determinação da assembléia mineralógica dos carbonatos, em especial, a identificação da presença de dolomita secundaria, quartzo e feldspato nos calcários da base da Formação Guia. A análise química por fluorescência de raios X permitiu determinar os teores de Fe, Mn, Ca, Sr, os quais foram utilizados para auxiliar na interpretação das assinaturas isotópicas de Sr. A composição isotópica de Sr de cinco amostras de dolomitos da Formação Mirassol d ́Oeste e seis de calcários da base da Formação Guia, foi determinada pelo método de lixiviação sequencial com ácido acético. Para os dolomitos, as razões entre 0,708 e 0,709. Para os calcários, foram obtidas razões isotópicas 87 87 Sr/ 86 Sr oscilaram Sr/ 86 Sr no intervalo de 0,707093 até 0,707289, uma vez eliminadas as etapas de lixiviação com provável contribuição terrígena para o Sr com razões 87 87 Sr/ 86 Sr de até 0,7114. As mais baixas razões Sr/ 86 Sr foram encontradas nas amostras com mais baixas razões Mn/Sr (0,31-0,45) e Fe/Sr (6,03-9,8). A diferença de procedimento analítico utilizado para a obtenção das razões 87 Sr/ 86 Sr pode explicar as diferenças de assinaturas isotópicas de Sr dos calcários da região de Tangará da Serra (lixiviação sequencial) com aquelas, mais radiogênicas, dos calcários da região de Mirassol d ́Oeste (dissolução total), previamente publicados. As razões 87 Sr/ 86 Sr de 0,70709–0,70729 dos calcários da região de Tangará da Serra, posicionam-se acima da curva de evolução do Sr oceânico no Neoproterózoico, na transição do Criogeniano – Ediacarano antes do aumento brusco no inicio do Ediacarano. Foram analisadas 6 amostras de dolomitos e 17 amostras de calcários, para a determinação da composição isotópica de Pb, as amostras foram lixiviadas com HCl. As assinaturas isotópicas de Pb apresentam uma grande homogeneidade nos dolomitos (19,05< 206 Pb/ 204 Pb < 19,50; 15,69 < 207 Pb/ 204 Pb < 16,89) e não foram utilizadas para a elaboração da isócrona Pb-Pb. Das 17 amostras de calcários, 15 forneceram uma idade de 622 ± 33 Ma (2σ), apesar das variações isotópicas limitadas de composição isotópica (18,77 < 206 Pb/ 204 Pb < 31,18; 15,71 < 207 Pb/ 204 Pb < 16,46). Esse resultado reforça uma idade do início do Ediacarano para a formação da capa carbonática do Grupo Araras e comprova a sua associação com os eventos ocorridos após a última glaciação criogeniana no sul do Craton Amazônico.