Petrografia, geoquímica e geocronologia dos granitos Presidente Kennedy e Barrolândia, noroeste do Tocantins – Cinturão Araguaia

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2011
Autor(a) principal: SANTOS, Williams Pinto dos lattes
Orientador(a): GORAYEB, Paulo Sérgio de Sousa lattes
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal do Pará
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-Graduação em Geologia e Geoquímica
Departamento: Instituto de Geociências
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: http://repositorio.ufpa.br:8080/jspui/handle/2011/14812
Resumo: Diversos corpos graníticos têm sido identificados no extremo leste do Cinturão Araguaia em seu domínio de mais alto grau metamórfico (Grupo Estrondo). Tais granitos têm sido interpretados como de posicionamento sin a tardi-cinemático em relação à tectônica principal e metamorfismo regional da evolução do Cinturão Araguaia, no final do Neoproterozóico. Nesta dissertação foram estudados dois plútons graníticos denominados Presidente Kennedy e Barrolândia, este último ainda desconhecido da literatura. Os estudos envolveram a cartografia geológica em duas áreas de ocorrência desses granitos, análises petrográficas, geoquímicas e geocronológicas. O Granodiorito Presidente Kennedy localizado a 6 km a noroeste da cidade de Presidente Kennedy (TO) compõe a forma de um stock elíptico, que abrange uma área aflorante cujo diâmetro maior é de aproximadamente 10 km, e o menor de 5 km, encaixado em micaxistos do Grupo Estrondo e parcialmente coberto por rochas sedimentares da Formação Pimenteiras. O corpo possui foliação bem marcada na borda, no entanto existe uma orientação difusa ou mesmo imperceptível nas porções mais internas do corpo. A foliação é registrada, sobretudo pela orientação de micas. Os estudos petrográficos identificaram rochas hololeucocráticas (M<6) granodioríticas e monzograníticas equigranulares, de cor cinza levemente rosada, e com textura granular hipidiomórfica e alotriomórfica. O conteúdo mineralógico é formado essencialmente por plagioclásio (An23-29), quartzo e microclina, e subordinadamente biotita e muscovita. Apatita, zircão, titanita e minerais opacos compõem a mineralogia acessória, enquanto que clorita, sericita, carbonatos são fases secundarias. O Granito Barrolândia aflora em duas porções distintas na forma de stocks levemente ovalados encaixados em micaxistos do Grupo Estrondo. Em geral o corpo possui foliação bem marcada na borda evidenciada pela orientação de micas, e coincide com a foliação regional da área. Petrograficamente as rochas do Granito Barrolândia apresentam composição monzogranítica, são hololeucocráticas (M < 10), de granulação média, cor cinza, textura granular hipidiomórfica ou granoblástica, e sua constituição mineralógica é definida essencialmente por microclina, plagioclásio (An15-20) e quartzo, subordinadamente por biotita e muscovita, e acessoriamente por apatita, zircão e minerais opacos, enquanto clorita e sericita são fases secundárias. Dados litoquímicos revelaram que os granitos são semelhantes, possuindo caráter levemente peraluminoso, com elevados valores SiO2, Al2O3 e álcalis e baixos valores de MgO, Fe2O3t e TiO2. Os estudos geocronológicos realizados pelo método de evaporação de Pb em zircão forneceu idade de 539 ± 5 Ma, interpretada como a idade mínima de cristalização do Granodiorito Presidente Kennedy. O mesmo método foi realizado no Granito Barrolândia, no entanto as respostas analíticas não foram satisfatórias para o cálculo de sua idade, necessitando de trabalhos adicionais. Os estudos petrográficos, geoquímicos e geocronológicos dos granitos Presidente Kennedy e Barrolândia, revelaram semelhanças entre esses dois corpos e com os demais granitos que ocorrem no Cinturão Araguaia (Ramal do Lontra e Santa Luzia). A idade do Granodiorito Presidente Kennedy coincide no limite dos erros analíticos com aquelas obtidas nos granitos Santa Luzia (528 ± 5 Ma) e Ramal do Lontra (549 ± 5 Ma) que são correlacionados ao mesmo evento de granitogênese do Cinturão Araguaia. Do ponto de vista geoquímico, considerando os elementos maiores, esses dois corpos são muito similares aos demais, apresentando, porém pequenas diferenças. No geral os granitos estudados são ricos em SiO2, e pobres em MgO, TiO2, Fe2O3t e CaO, o que indica tratar-se de magmas pouco fracionados refletindo a natureza granítica hololeucocrática dos mesmos. Os estudos isotópicos pelo método Sm-Nd definiram idades modelo (TDM) de 2,11 e 2,24 Ga, e entre 2,13 e 2,17 Ga para os granitos Barrolândia e Presidente Kennedy, respectivamente, e valores •Nd negativos indicando que esses granitos foram provenientes de fonte crustal, gerada a partir da fusão de uma crosta antiga Paleoproterozóica. Neste caso, uma unidade a ser considerada como fonte seria o Complexo Rio dos Mangues. Considerando o contexto geológico da área, e integrando aos dados de campo, petrográficos, geoquímicos e geocronológicos, se interpreta a formação dos granitos Presidente Kennedy e Barrolândia como relacionados a um processo de anatexia crustal de uma fonte do embasamento do Cinturão Araguaia, que supostamente seriam os ortognaisses do Complexo Rio dos Mangues. A agregação desses líquidos graníticos anatéticos, a ascensão e alojamento desses magmas nas seqüencias supracrustais, se deram sincronicamente à tectônica principal do Cinturão Araguaia, no final do Neoproterozóico inicio do paleozóico. Os estudos comparativos revelaram muitas semelhanças entre estes e os demais granitos do Cinturão Araguaia, cronocorrelatos, indicando tratar-se de um evento regional de granitogênese, e possivelmente cogenéticos relacionado à fase principal do metamorfismo do Cinturão Araguaia, no limite Neoproterozóico-Paleozóico.