Ficção e traduções de fãs na internet: um estudo sobre reescrita, colaboração e compartilhamento de fanfictions

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2017
Autor(a) principal: REIS, Fabíola do Socorro Figueiredo dos lattes
Orientador(a): LEAL, Izabela Guimarães Guerra lattes, STALLAERT, Christiane
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal do Pará
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-Graduação em Letras
Departamento: Instituto de Letras e Comunicação
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: http://repositorio.ufpa.br/jspui/handle/2011/8818
Resumo: O presente trabalho apresenta uma análise do processo de tradução das fanfictions (histórias de fãs) para a língua portuguesa, uma das inúmeras atividades praticadas por fãs em comunidades virtuais. Este processo apresenta sistemas e técnicas que se moldam em antigas práticas, com agentes que alternam de função de um momento a outro, adequando-se sem maiores problemas as mudanças na tarefa proposta. É necessário compreender como, nesta atividade, a fanfiction é duplamente reescrita – tanto quando os fãs (os leitores-autores) fazem uso de personagens de outros autores em novas histórias paralelas, quanto na tradução, pois, segundo Lefevere (1995), traduzir é sempre um ato de reescrita. Este estudo apresenta o conceito de reescrita antes de discutir outros aspectos relacionados à tradução de fanfictions, como o tempo de publicação de cada capítulo e/ou a relação entre leitor-autor da fanfiction original e seu(s) tradutor(es). Outro aspecto que esta pesquisa apresenta é que, na era digital, as relações entre as entidades como autor, leitor e tradutor se tornam complexas, uma vez que essas entidades não podem mais ser percebidas em sua forma fixa. Os papéis desempenhados por elas são intercambiáveis e essa maleabilidade é acentuada pelo uso das máquinas, o que confere a essas entidades a imagem de ciborgues: são autores, leitores e tradutores ao mesmo tempo. Dicotomias como as de autor e leitor, tradutor e leitor, leitor e revisor se modificam no ciberespaço. Com o crescimento do acesso à internet as perguntas relacionadas ao futuro da prática da escrita, leitura e tradução continuam aumentando: será possível que na época digital os limites entre escritor, leitor e tradutor sejam desfeitos e que realmente todos possam assumir esses papéis ao mesmo tempo? Do ponto de vista das ciências humanas, a era digital obriga a repensar categorias de trabalho tradicionalmente construídas em função de papéis diferenciados e separados por fronteiras nítidas, como as categorias de autor, leitor e tradutor. A aparição da internet possibilitou a criação de novos gêneros e promoveu o compartilhamento no ciberespaço daquilo que antes era restrito a apenas uma parte da população. O ciborgue é aquele ser que está tanto no mundo real quanto no mundo paralelo da internet, alguém que está por trás de uma máquina e que consegue se envolver virtualmente em diversos campos, publicando e interagindo com leitores e autores. O leitor-ciborgue por trás de um computador possui diversas funções e habilidades ao mesmo tempo. Em Modernidade Líquida (2001), Bauman explica que certos padrões de dependência e interação humana são maleáveis como um fluido. Essa é uma metáfora que pode ser usada para descrever os estudos literários e a era digital, com seus usuários fluindo em diversas direções e mudando o curso de categorias que antes eram pré-definidas, como as de autoria e tradução. A partir dessa noção de fluidez, esta tese lida com os conceitos de tradução e certas dicotomias, como leitura/autoria ou autoria/tradução, com a mesma liquidez que Bauman define nossos tempos. A tradução de fanfiction, o processo analisado neste trabalho, precisou ser retirada do mar da internet com uma rede de pescador (num corpus de cinco histórias das comunidades de fãs de Rurouni Kenshin, Crepúsculo e InuYasha) para ser estudada.