Petrologia e química mineral dos greisens associados ao Granito Água Boa - Mina Pitinga (AM): um estudo dos processos de formação de greisens

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 1997
Autor(a) principal: BORGES, Régis Munhoz Krás lattes
Outros Autores: https://orcid.org/0000-0002-0403-0974
Orientador(a): DALL'AGNOL, Roberto lattes
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal do Pará
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-Graduação em Geologia e Geoquímica
Departamento: Instituto de Geociências
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: http://repositorio.ufpa.br:8080/jspui/handle/2011/15263
Resumo: A presente Dissertação de Mestrado tem como objetivo principal o estudo petrográfico e de química mineral dos greisens associados ao Granito Água Boa, na mina Pitinga (AM), a partir de amostras de testemunhos de uma malha de sondagem realizada na borda oeste do corpo pelo Grupo Paranapanema S/A. A mina Pitinga é uma das maiores produtoras mundiais de estanho, além de conter consideráveis mineralizações de criolita e de metais raros, tais como Zr, Nb, Ta, Y, REE, etc. Os granitos estaníferos da região apresentam idades paleoproterozóicas, e estão inseridos no contexto geológico-geotectônico da Província Amazônia Central. Os dados acumulados até hoje demonstram que a Província Estanífera do Pitinga apresenta três fontes primárias para as mineralizações, o albita-granito associado ao Granito Madeira, os greisens e epi-sienitos associados ao Granito Água Boa. Os granitos encaixantes dos greisens são predominantemente álcali-feldspato-granitos, com variações locais para sienogranitos, exibem uma textura seriada média a grossa, cores cinza a rosa acinzentada, são isótropos, e localmente apresentam feições rapakivíticas. Hornblenda e biotita são os máficos varietais; alanita, minerais opacos, zircão, apatita e fluorita são os acessórios e pistacita, clorita e carbonatos os minerais secundários. Os greisens estudados são endogreisens, estando localizados essencialmente nas porções apicais do granito, sendo controlados por juntas. No estudo petrográfico realizado, distinguiu-se duas tipologias principais com base em suas características mineralógicas e texturais: Greisen Gs1: esse tipo de greisen é o que apresenta maior expressão areal, formando zonas contínuas de até 5 metros, interdigitado com granitos greisenizados. É uma rocha de cor preta, com textura granular média e composta essencialmente por quartzo, siderofilita marrom avermelhada e topázio, acompanhados por quantidades variáveis de esfalerita, pirita, calcopirita, cassiterita, zircão, fluorita, siderita e anatásio. Nas fácies onde o topázio é mais abundante, há uma sensível diminuição no conteúdo de siderofilita, esfalerita e pirita, bem como evidências texturais de substituição dos últimos. A cassiterita associa-se preferencialmente com siderofilitas parcialmente cloritizadas, ou então forma delgadas coroas ao redor de pirita e esfalerita. A esfalerita é uma fase importante nesse greisen, associando-se à calcopirita. Greisen Gs2: esse greisen ocorre, normalmente, como faixas ou veios de até 3,5 metros de espessura, interdigitado com granitos greisenizados, É maciço, de cor verde acinzentada escura a verde clara, constituído essencialmente de quartzo, clorita e muscovita fengítica. Topázio, esfalerita, zircão, fluorita, anatásio, pirita, calcopirita, galena, cassiterita e, localmente, siderofilita verde clara, siderita e berilo, complementam a mineralogia. A fluorita predomina acentuadamente em relação ao topázio. A associação de muscovita fengítica com clorita verde é característica desse greisen. Ambas se apresentam interdigitadas e, por vezes, há evidências de substituição da clorita por muscovita. Os dados petrográficos indicam a presença de maiores volumes de cassiterita nesse greisen. Os estudos de química mineral foram realizados a partir de análises quantitativas (WDS) em microssonda eletrônica dos minerais formadores das principais paragêneses dos greisens, tais como nas siderofilitas dos greisens Gs1 e Gs2, e nas frengitas e cloritas do greisen Gs2, além de algumas análises em biotitas, anfibólios e plagioclásios primários do granito encaixante. Os greisens Gs1 e Gs2 ocorrem em domínios distintos na malha Guinho-Baixão, estabelecendo uma zonação geográfico-mineralógica bem definida. Os dados relativos à química dos principais minerais formadores desses greisens indicam que a paragênese do Gs1 se formou a temperaturas relativamente mais altas do que aquelas formadoras do Gs2. Isso é corroborado pela maior quantidade de sulfetos de Cu e Pb existente nos últimos, típicos de associações de mais baixa temperatura na evolução dos processos hidrotermais. A esfalerita pode ter sido superimposta a temperaturas mais baixas no Gs1, não tendo se formado em equilíbrio com os fluidos de mais alta temperatura. Além disso, o F aparentemente teve um papel importante na evolução dos greisens, uma vez que seus conteúdos são menores nos minerais formadores do Gs2, o que pode ter sido decisivo para a formação de paragêneses diferentes. O halo de alteração hidrotermal associado aos greisens, Gs2 é maior do que aquele associado ao Gs1, haja vista que nas suas áreas de ocorrência observa-se um maior volume de rochas graníticas intensamente transformadas, com texturas primárias obliteradas e conteúdos de quartzo radicalmente reduzidos, além da formação de cavidades de dissolução, geradas por lixiviação hidrotermal. Essas feições podem estar associadas a processos de epi-sienitização, detectados a leste da malha Guindo-Baixão. Os greisens associados ao Granito Água Boa são distintos da maioria dos greisens estudados na literatura, uma vez que suas paragêneses são denominadas por siderofilitas e cloritas, com muscovitas em menor quantidade, ao contrário dos exemplos mundiais. O estudo petrográfico confirmou a íntima associação dos greisens com as mineralizações estaníferas. A análise dos dados petrográficos e de química mineral abre algumas possibilidades para explicar a natureza contrastante dos greisens Gs1 e Gs2, e a evolução dos seus fluidos geradores: a) um fluido hidrotermal de mesma composição global reagindo com rochas graníticas de composição diferente na época da formação dos greisens. Essa hipótese não encontra sustentação nas variações das encaixantes dos greisens observadas em escala microscópica; b) um fluido hidrotermal de composição inicial idêntica, mas que se diferenciou em algum momento de sua evolução, o que teria gerado a zoneação geográfico-mineralógica observada nos greisens. Neste caso considera-se que a rocha hospedeira tenha a mesma composição global, e que condições físico-química locais tenham provocado a sua diferenciação. c) além de possíveis variações na natureza dos fluidos ao longo do tempo, é provável que o fraturamento hidráulico mais intenso verificado nas áreas de ocorrência do Gs2 tenha contribuído para as diferenças entre os greisens Gs1 e Gs2. Ele levaria a uma dispersão dos fluidos por um maior volume de rocha encaixante, facilitando a alteração hidrotermal num primeiro momento, mas dificultando-a a seguir, por exigir um volume excepcionalmente elevado dos fluidos, não disponível no sistema hidrotermal em questão.