Mineralizações de caráter gemológico (opala, ametista, quartzo tricolor, quartzo rutilado e com clorita) da região de São Geraldo do Araguaia (PA) - Xambioá (TO): caracterização e gênese

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 1999
Autor(a) principal: COLLYER, Taylor Araújo lattes
Orientador(a): KOTSCHOUBEY, Basile lattes
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal do Pará
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-Graduação em Geologia e Geoquímica
Departamento: Instituto de Geociências
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: http://repositorio.ufpa.br/jspui/handle/2011/9343
Resumo: Na área de Xambioá - São Geraldo do Araguaia, situada na porção setentrional do Cinturão Araguaia, ocorrem veios com opala, com ametista, com quartzo tricolor, com quartzo rutilado e com clorita, de caráter pegmatítico e hidrotermal, que pelo seu interesse gemológico foram investigados em detalhe. O veio com opala, de maior relevância, encontra-se alojado nas rochas metassedimentares da Formação Xambioá e apresenta um zoneamento bem definido e uma textura brechóide. As zonas de borda são constituídas por quartzo leitoso, enquanto que as partes internas compõem-se de ônix e opala jaspe (C-T) cortado por vênulas de opala C-T e opala A. No quartzo da borda foram identificados fluidos dos sistemas H2O-CO2- NaCl e H2O-KCl-NaCl, de alta salinidade ( equivalente a >26% em peso de NaCl), enquanto que na zona intermediária foram encontrados fluidos do sistema H2O-FeCl2-NaCl, de baixa salinidade ( equivalente a 0,88 a 3,71% em peso de NaCl). Foram determinadas Th de 232 a 310° C no quartzo da borda, e de 110 a 145 ° C no quartzo da zona intermediária. Estes dados sugerem, para o quartzo da borda e da zona intermediária, uma origem relacionada ao metamorfismo regional e/ ou magnetismo do Ciclo Brasiliano, com uma contribuição crescente com o tempo, de águas meteóricas. O ônix e a opala C-T teriam sido originados de hidrotermalismo mais tardio, apresentando forte participação de fluidos meteóricos e possivelmente decorrentes da reativação de antigas fraturas durante o Paleozóico e/ou Mesozóico. Uma origem supergenica recente parece ser a mais provável para a opala A. O veio com ametista encontra-se alojado no corpo granitóide da Serra da Ametista, possui caráter pegmatóide e é constituído por quartzo, ametista, microclina, oligoclásio, muscovita e biotita. Fluidos do sistema H2O-KCl-NaCl são encontrados no quartzo do veio e na ametista. No quartzo veio esses fluidos têm salinidade equivalente a 18 e 20,75%, e na ametista entre 12,73 e 18,22% em peso de NaCl. A Th situa-se entre 190 e 248,5 ° C no quartzo e entre 155 e 200° C na ametista. Esses fluidos devem ter origem magmática e estar relacionados com a fase tardia de resfriamento do corpo granitóide da Serra da Ametista. As idades Rb-Sr determinadas em pares de minerais (muscovita-microclina e muscovita-oligoclásio) variam entre 390 e 430 Ma., sendo mais jovens que a provável idade Brasiliana de formação deste veio, o que sugere a reabertura parcial do sistema Rb-Sr na ocasião de reativações tectônicas posteriores. O quartzo tricolor ocorre na forma de cristais zonados, localizados nas porções mais internas de veios de quartzo alojados em metarcósios e metarenitos da Formação Pequizeiro. A presença de rutilo vermelho, pirita e melanterita confere à extremidade dos cristais uma coloração vermelha clara a marrom amarelada. Na porção basal, a bicoloração lilás-amarela é dada pela presença de traços de ferro, alumínio, potássio e sódio. Na zona de borda do veio, o quartzo contém fluidos do sistema H2O-CaCl2-NaCl, de salinidade elevada ( equivalente a 20,60 a> 23,18% em peso de NaCl) e Th entre 488 e 492° C. No quartzo tricolor foram identificados fluidos dos sistemas H2O-CaCl2-NaCl e H2O-Fe Cl2-NaCl, na porção basal, e H2O-FeCl2-NaCl,na extremidade dos cristais. A salinidade dos fluidos da porção intermediaria dos cristais, a salinidade varia entre 11,34 e 12,39% equivalente em peso de NaCl enquanto Th encontra-se entre 272 e 305° C. Nas extremidades dos cristais, observou-se uma diminuição da salinidade (equivalente a 8,65 a 10,10% em peso de NaCl) acompanhada por uma diminuição da Th, que na porção basal é maior que 485°C e nas porções superiores dos cristais varia entre 267 e 299,5° C. As pressões mínimas de aprisionamento dos fluidos,no quartzo tricolor, situam-se em geral entre 400 e 600 bars. O estudo por MEV do quartzo tricolor mostrou a presença de inclusões de teorita e de mercúrio metálico na porção basal; de pirita, cinábrio e zircão na porção intermediaria; e de pirita, melanterita, anidrita e barita na extremidade dos cristais. A gênese desses veios estaria relacionada à evolução do magnetismo regional, não se descartando uma participação da fase final do metamorfismo, além de uma contribuição de águas meteóricas, sobretudo na formação das porções superiores dos cristais de quartzo tricolor. Os veios com quartzo rutilado e com clorita encontra-se alojados nos micaxistos e quartzitos do Grupo Estrondo. São constituídos por quartzo hialino, rutilo, clorita, hematita especular e magnetita. Fluidos do sistema H2O-KCl-NaCl forma identificados tanto no quartzo das zonas de borda, como no quartzo rutilado e com clorita das partes mais internas dos veios. A salinidade dos fluidos é elevada nas zonas de borda ( equivalente a 18,80 a 23,18% em peso de NaCl) e baixa na zona interna ( equivalente a 4,34 a 5,26% em peso de NaCl) enquanto que Th situa-se entre 293 e 345°C e entre 136,5 e 198,9°C, respectivamente. Acredita-se que os fluidos que geraram as zonas de borda tinham origem magmática e/ou metamórfica. No entanto, uma expressiva contribuição meteórica é admitida na formação das porções mais internas dos veios. Os dados obtidos sugerem que a formação dos sistemas de veios estudados resultou principalmente de movimentos distensivos e do hidrotermalismo que marcaram a fase final da estruturação do Cinturão Araguaia e sucederam ao metamorfismo regional e à conseqüente granitogênese. Independentemente da natureza do sistema aquoso, os fluidos geradores do quartzo de origem magmática e /ou metamórfica profunda apresentam, de inicio, uma alta salinidade e uma temperatura média a elevada. Seguiu-se uma forte diminuição da salinidade e da temperatura ( abaixo de 200° C), devido, provavelmente, a uma participação crescente de águas meteóricas. Posteriormente, fases de reativação tectônica no Paleozóico e/ou Mesozóico forma responsáveis pela mobilização e injeção de soluções ricas em sílica geradas em profundidade e pela precipitação da sílica na forma de ônix, de opala jaspe e de opala C-T. Mais recentemente a opala de tipo A se formou em condições supergênicas.