O mundo em pandemia: o ócio do isolamento social como reprodutor da gordofobia no Instagram

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2021
Autor(a) principal: Paixão, Ana Karla Ramalho
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://biblioteca.sophia.com.br/terminalri/9575/acervo/detalhe/126862
Resumo: As modificações acerca do padrão ideal de corpo acontecem a partir dos usos e costumes, bem como recorte temporal de uma dada sociedade. Era comum na era pré-industrial identificar corpos gordos como idealizados e desejados entre os mais nobres. Com o advento da industrialização e avanço da medicina, paulatinamente, esses corpos adquiriram status indesejado culminando em repulsa e discriminação. O padrão normativo que impera na atual sociedade ocidental é o do corpo magro, preferencialmente com músculos definidos. Tal mudança descortinou pressões sociais sobre os corpos gordos, especialmente os femininos, trazendo conceitos como o de pressão estética e gordofobia para os cenários acadêmicos e da sociedade civil organizada a fim de compreender o fenômeno. Nesse contexto, as vivências online, por meio das redes sociais, tem sido palco para o desenrolar da gordofobia, uma vez que vivemos a era da tecnologia da informação. Como agravante, o mundo atravessa um cenário crítico pandêmico desde 2019, em decorrência da disseminação do vírus Sars-COV-2, o que forçou a população mundial a realizar quarentena a fim de reduzir as contaminações. Para alguns, a única forma de comunicação foi a Internet, através das redes sociais, o que pode ter contribuído para o aumento de episódios gordofóbicos disparados em rede. Compreendendo isto, esta pesquisa objetiva analisar imagens postadas no Instagram relacionadas ao emagrecimento/ganho de peso no contexto do isolamento social pela Pandemia de COVID-19 no Brasil. Trata-se de um estudo Netnográfico de abordagem qualitativa pautado pela Semiótica Peirceana. Foram identificadas as hashtags em alta durante o isolamento social que se relacionavam a emagrecimento/ganho de peso no Instagram. Foram verificadas nestas postagens pontos de inserção do fenômeno da gordofobia. As hastags #emagrecereaparecer, #engordeinaquarentena e #perderpesonaquarentena foram acompanhadas de 20 de março à 20 de setembro de 2020, totalizando seis meses, gerando ao final 17 imagens que foram analisadas em profundidade. As imagens foram categorizadas em três índices: ¿Gordura não! O gordo depreciado¿, ¿O corpo gordo como meme¿ e ¿Para onde vai o dinheiro do gordo?¿. As análises demonstraram que a gordura causa pavor. Muitas pessoas buscam motivação para perder peso seguindo perfis dedicados a postar imagens e frases motivadoras que desmereça a gordura e a mostre como incômoda. Para aqueles que ganharam peso durante o isolamento social, as sátiras estereotipadas ¿ memes ¿ invadiram o Instagram e infelizmente, tem naturalizado o estigma de peso, levando inclusive, a postagens autodepreciativas de famosos sobre o próprio peso como forma de alívio cômico. A pressão estética sobre o corpo feminino se destaca contribuindo para a objetificação e aumento da insatisfação corporal. A gordofobia se apresenta institucionalizada e escancara a farsa do mercado plus size em pregar inclusão. O dinheiro do gordo é investido quase que a fundo perdido em tentativas desesperadas de inserção social por meio da busca de um padrão corporal irreal. Palavras-chave: Gordo. Gordofobia. Redes sociais online.