Aporofobia na saúde: percepção dos profissionais da estratégia de saúde da família de Fortaleza/CE

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2024
Autor(a) principal: Veras, Jéssica Freire dos Santos
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://biblioteca.sophia.com.br/terminalri/9575/acervo/detalhe/590686
Resumo: Aporofobia é um termo recente, criado pela filósofa Adela Cortina para conceituar a aversão aos pobres. Neste termo, cabe preconceito, discriminação e ódio às pessoas que estão em situação de pobreza, aos que têm pouco ou nada, aos miseráveis. A pobreza é multidimensional, principalmente quando percebida como uma refração da questão social que não está relacionada somente aos fatores econômicos, mas sócio-históricos e culturais. O Estado, a partir de sua função protetiva, inseriu a saúde como um direito social na Constituição Federal de 1988. Isso significa que ter acesso à saúde se constitui como um dos direitos básicos da população brasileira, o mínimo para garantir a dignidade humana. Com isso, este trabalho teve como objetivo compreender a percepção dos profissionais de nível superior da Estratégia Saúde da Família – ESF de Fortaleza/CE acerca da aporofobia na saúde. Com o intuito de responder essa macroquestão, perpassou-se o conceito de aporofobia dos profissionais de nível superior que atuam na ESF de Fortaleza/CE. Além disso, esses foram convidados a identificar se há episódios de aporofobia durante os atendimentos realizados, bem como a entender de qual maneira a aporofobia pode interferir no acesso à saúde da população de Fortaleza/CE em situação de pobreza. Foram realizadas discussões teóricas, levantamentos documentais e pesquisa de campo, os quais perpassam pobreza, saúde e aporofobia. Assim, obteve-se o suporte necessário para alcançar os resultados desta pesquisa. Este estudo faz parte de um macroprojeto, o qual visa avaliar iniquidades em saúde entre profissionais dessa área que possuem nível superior. A realização da pesquisa de campo se deu entre os meses de fevereiro e maio de 2024, a qual foi dividida em duas etapas: a primeira realizada através da aplicação do Questionário de Atitudes em Relação à População em Situação de Sem-Abrigo – QARPSSA, que contou com a participação de 96 profissionais de saúde; e a segunda realizada a partir de uma entrevista semiestruturada, na qual os sujeitos da pesquisa foram 10 profissionais que responderam anteriormente ao QARPSSA. Foram contempladas as seis Secretarias Regionais – SER de Fortaleza/CE – I, II, III, IV, V, VI. E as Unidades Básicas de Saúde – UBS partícipes foram determinadas através de sorteio. Os dados foram analisados por meio do software IRaMuTeQ (Interface de R pour les Analyses Multimensionnelles de Textes et de Questionnaires). Foram realizadas análises lexicográficas clássicas no IRaMuTeQ para compreender os dados estatísticos e quantificar as evocações e formas. O referido programa apresentou quatro classes principais, as quais foram nomeadas da seguinte forma: "Aversão ao pobre: isso existe mesmo?"; "A rede de apoio, formal ou informal, pode ser uma ponte para a Integralidade"; "Vale a pena Humanizar"; "O que é pobreza e onde estão as suas raízes?". Destaca-se como desafios encontrados a naturalização de alguns episódios nos serviços de saúde; a tarefa de identificar outros autores que trabalham o conceito de Aporofobia, para além de Adela Cortina, a qual é a referência na temática. Dentre os pontos positivos ressaltados está a articulação com a rede de saúde e intersetorial, apontada pelos entrevistados, bem como a educação como principal estratégia de enfrentamento à pobreza. Palavras-chave: Aporofobia; Pobreza; Saúde; Estratégia de Saúde da Família; Profissionais de saúde.