Gravidez advinda de estupro e seus desfechos: uma análise das vivências das mulheres que interromperam ou continuaram a gestação

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2014
Autor(a) principal: Nunes, Mykaella Cristina Antunes
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://biblioteca.sophia.com.br/terminalri/9575/acervo/detalhe/101563
Resumo: Esta dissertação teve como objetivo compreender a gravidez resultado de estupro e seus desfechos, através de uma Revisão Sistemática da Literatura (RSL), das características das mulheres e das suas vivências em ter que decidir entre a interrupção ou continuidade da gestação. Foram realizados três estudos. O Estudo 1 consistiu em uma Revisão Sistemática da Literatura que teve como objetivo mapear os estudos existentes sobre o desfecho da gestação de mulheres que engravidaram como resultado de violência sexual e descrever quais aspectos são ressaltados nos artigos em relação a essas experiências de desfecho. A busca deu-se nas bases de dados IndexPsi, PePSIC, SciELO e LILACS, tendo sido selecionados para a análise na íntegra 33 artigos. Verificou-se uma tendência predominante nos artigos de contemplar o funcionamento dos serviços, a abordagem dos profissionais no atendimento às vítimas e em menor frequência enfatizaram-se as experiências de gravidez resultado de violência sexual, bem como as características dessas mulheres. O Estudo 2 teve como objetivo descrever características da vítima, da violência e do agressor dos 112 casos que deram entrada no hospital no período de 2010-2013, por meio de análise documental. Verificou-se que as vítimas de violência sexual se caracterizam por ser mulher, jovem, parda, solteira, estudante e de nível escolar inferior, que a VS se deu mais em âmbito extrafamiliar e o agressor apareceu em maior frequência como uma pessoa desconhecida da vítima. Nos casos de gravidez decorrente de VS, a interrupção da gestação foi a escolha que predominou nas mulheres adultas, enquanto nas adolescentes foi a continuidade da gestação. Observou-se, ainda, muitas falhas no preenchimento das fichas de notificação/dados sociais/psicológica, principalmente no que se refere à ausência de informações. O Estudo 3 consistiu em investigar os principais elementos de significação dados às vivências de interrupção ou de continuidade da gestação pelas mulheres vítimas de violência sexual. Para tanto este estudo teve um delineamento de estudo de casos múltiplos, tendo sido entrevistadas três mulheres que engravidaram como resultado de um estupro. Constatou-se que para essas mulheres a passagem por tal situação configura-se como sendo de muito sofrimento, sendo marcantes as vivências de sentimentos e pensamentos atormentadores em razão da violência e da gravidez. Os principais aspectos relatados pelas mulheres para a interrupção da gestação estiveram associados à impossibilidade de separar a imagem da criança à lembrança do agressor e da violência. No entanto, para a participante que teve como desfecho a continuidade da gestação, também se observou que é possível construir uma experiência positiva de maternidade e de vínculo com a criança. Esta pesquisa buscou contribuir para o estudo da gravidez resultado de violência sexual, ampliando a compreensão acerca dessa vivência pelos profissionais e pesquisadores da área. Procurou-se, assim, acrescentando dados à literatura científica fomentar novas intervenções e melhorias no âmbito da saúde pública, especialmente no que se refere ao atendimento das vítimas de violência sexual que engravidaram. Palavras-chave: violência sexual; gravidez; desfecho; serviços de saúde.