Análise da violência contra a mulher a partir da vigilância realizada por serviços sentinela em Fortaleza, Ceará

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2010
Autor(a) principal: Ferreira, Renata Carneiro
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://biblioteca.sophia.com.br/terminalri/9575/acervo/detalhe/89886
Resumo: A violência dirigida contra mulheres - em todo ciclo vital - na família, nas relações de fórum público e privado alcançou notoriedade e desperta o interesse da sociedade mundial desde o século passado. Desde então, os órgãos governamentais e os não-governamentais buscam formas para seu enfrentamento. O estudo (i) analisou a violência contra a mulher a partir das Fichas Notificadas em serviços sentinela, em Fortaleza ? CE, no período de 2006 a 2008; (ii) descreveu o perfil sociodemográfico de mulheres em situação de violências sexual, doméstica e/ou outras violências interpessoais; (iii) relatou o perfil social e o comportamento do agressor; (iv) investigar a associação entre as características sociodemográficas das mulheres, comportamento do agressor, da ocorrência da agressão, com a tipologia da violência e (v) investigou as ações intersetoriais realizadas com essas mulheres nos serviços sentinela investigados. Estudo de corte transversal, realizado em três serviços sentinela de vigilância em violência contra a mulher, referência em violência doméstica e sexual da Secretaria Municipal de Saúde de Fortaleza, Ceará. A população do estudo foi representada pelas mulheres que sofreram violência com idade igual ou maior de 12 anos. Foram coletadas 939 fichas de notificação de violência contra a mulher. Os dados foram organizados, codificados e submetidos à análise estatística descritiva e ao teste quiquadrado de Pearson (x2)com valor de p = 0,05. A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética e Pesquisa da Universidade de Fortaleza, parecer nº 123/2009. Das 939 fichas analisadas, a violência psicológica incidiu em 84,7% casos, seguida da física (74,8%), negligência ou abandono (18,2%), sexual (13,3%), financeira (4,0%) e tortura (2,7%). O número de mulheres com ocorrência de violência aumenta na idade entre 25 e 39 anos. Ser casada mostrou associação para sofrer violência física (p=0,036) e tortura (p=0,042). O domicílio se mostrou como fator de risco para a violência física (p<0,043), psicológica (p<0,001) e sexual (p<0,001). O consumo de bebida alcoólica pelo agressor destacou-se em todos os tipos de violência, e a praticada pelo parceiro íntimo foi associada à violência física (p<0,001), psicológica (p<0,001), sexual (p<0,001) e negligência (p=0,010). Entre os encaminhamentos realizados pelos profissionais, houve significância estatística para violência física quando as mulheres foram encaminhadas à Casa de Abrigo (p=0,021); à DEAM (p=0,024); ao IML (p=0,005) e para o atendimento psicológico do próprio serviço (p=0,004). Portanto, o estudo mostrou que as mulheres sofrem altas taxas de violência por parceiro íntimo e o ambiente domiciliar é o espaço onde a maioria dessas ocorrências eclode. As violências sofridas por essas mulheres que procuraram atendimento não são incidentes únicos, aparentam ser contínuos e reincidentes, e contribuem para comprometer a saúde e a qualidade de vida da mulher cearense.