Fenomenologia da mania no transtorno bipolar e no transtorno esquizoafetivo

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2023
Autor(a) principal: Araújo, Juliana Lima de
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://biblioteca.sophia.com.br/terminalri/9575/acervo/detalhe/583356
Resumo: Essa pesquisa teve como objetivo propor uma fenomenologia da mania a partir do mundo vivido (Lebenswelt) de pessoas diagnosticadas com transtorno bipolar e transtorno esquizoafetivo. Essa tese foi dividida em quatro estudos. O primeiro estudo buscou compreender a construção do conceito de mania a partir da sua evolução histórica desde a doença maníaco-depressiva até os diagnósticos de transtorno bipolar e transtorno esquizoafetivo. Verificou-se que o conceito atual de mania é resultado da segunda metade do século XIX, com origem no período clássico grego em que era compreendida como um modo de ser, para ao longo da história permanecer associada a diagnósticos psicopatológicos. Na atualidade, a mania volta a ser considerada de modo mais amplo, como um funcionamento maníaco, porém ainda correlacionada a uma expressão patológica. A partir da perspectiva da Psicopatologia Fenomenológica a situamos como fenômeno, englobando o sintoma e o vivido, considerado sua dimensão também histórico-cultural, construída no mundo das relações humanas. O segundo estudo apresenta uma pesquisa de revisão integrativa que investigou como a mania tem sido compreendida no campo da Psicopatologia Fenomenológica. Os resultados discutem o predomínio da discussão acerca da temporalidade e da frequente comparação da mania com a melancolia, depressão e esquizofrenia, revelando que suas fronteiras continuam pouco claras. Os estudos foram categorizados e discutidos em quatro temáticas: Descrição do ser maníaco, A temporalidade no vivido maníaco, O espaço maníaco, O vivido maníaco em intersubjetividade. Os estudos três e quatro tiveram como objetivo compreender o vivido maníaco a partir de estudos de casos com pacientes com diagnósticos de transtorno bipolar e transtorno esquizoafetivo, acompanhados no Hospital de Saúde Mental Professor Frota Pinto, na cidade de Fortaleza, Ceará. Em uma pesquisa qualitativa com enfoque fenomenológico foram realizados encontros clínicos com quatro colaboradores e entrevistados um familiar de cada um deles. Foram acessados também seus prontuários, expondo o olhar dos profissionais. Chegou-se a temas que surgiram e foram agrupados por similaridade. O fenômeno da experiência maníaca foi compreendido a partir do que se produziu no Lebenswelt de cada um, atravessado pela relação com a pesquisadora. A experiência da mania se mostrou como um modo agitado e inquieto de estar no mundo que se exprime no corpo, na fala, na relação com o tempo e no relacionamento com as pessoas. Houve dificuldade na percepção de si como pessoas com um vivido patológico, necessitando da proximidade do outro para o autocuidado. A dimensão intersubjetiva foi a mais descrita, se mostrando a mais impactada nas experiências descritas. Concluímos para a necessidade na compreensão da mania considerada como dimensão patológica e como um funcionamento característico de um modo de ser. O hospital dia se mostrou um espaço seguro, acolhedor, envolvendo tratamento e prevenção para os participantes, reforçando o quanto o cuidado à saúde mental não pode ser desvinculada de políticas públicas de acesso a espaços de cuidado e promoção de atividades que tragam dignidade e sentido para as pessoas. Consideramos que pensar na lógica de oposição entre os transtornos bipolar e esquizoafetivo se mostrou pouco esclarecedora quando a ênfase recai sob a experiência, na busca por considerar cada indivíduo em seu mundo vivido. Os colaboradores demonstraram ter o entendimento de que a mania não é algo fora deles, mas de algo seu, do seu Lebenswelt, que os constitui e necessita de constantes cuidados. Palavras-chave: Mania. Psicopatologia. Psicopatologia fenomenológica. Transtorno bipolar. Transtorno esquizoafetivo.