Fenomenologia clínica da perda da evidência natural no mundo vivido (lebenswelt) esquizofrênico

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2018
Autor(a) principal: Pereira, Juliana Pita de Albuquerque
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://biblioteca.sophia.com.br/terminalri/9575/acervo/detalhe/118064
Resumo: A perda da evidência natural se destaca na fenomenologia clínica com a esquizofrenia desenvolvida pelo psiquiatra alemão Wolfgang Blankenburg. Este se interessa em compreender a experiência fenomenológica com seus pacientes esquizofrênicos devido a sua experiência no acompanhamento clínico destes, bem como por perceber que na esquizofrenia se identifica a perda da conexão natural entre o paciente e as outras pessoas, sendo esta conexão definida como evidência natural. Esta tese de doutorado em cotutela tem como objetivo de pesquisa apresentar a fenomenologia clínica da perda da evidência natural no mundo vivido (Lebenswelt) esquizofrênico tendo a fenomenologia filosófica da ambiguidade de Maurice Merleau-Ponty (1908-1961) como lente compreensiva e crítica. A experiência fenomenológica é compreendida por Merleau-Ponty no entrelaçamento entre homem e mundo, ou seja, a partir de sua facticidade. A fenomenologia da ambiguidade de Merleau-Ponty apresenta o homem mundano como fonte absoluta, colocando sua experiência acima das representações científicas e propondo que retornar às coisas mesmas é voltar ao mundo pré-reflexivo, anterior ao conhecimento tal como ele é experienciado. Esta tese se divide em seis capítulos e metodologia. Os três primeiros capítulos consistem em discussões teóricas sobre a fenomenologia clínica da esquizofrenia e a apresentação da fenomenologia da ambiguidade de Merleau-Ponty. Nosso aporte metodológico é o método fenomenológico crítico, em especial o estudo de caso fenomenológico que destaca um instrumento de duas etapas: encontros clínicos e relato descritivo. A pesquisa de campo foi realizada em um Hospital Dia na cidade de Fortaleza/Ce e possibilitou a construção de três casos clínicos fenomenológicos: Roberto, Francisco e Miguel. Roberto, sou um anjo ou um vampiro? consiste em um estudo de caso fenomenológico que destaca o significado da experiência de perda da evidência natural como pura agitação e euforia. Francisco, escrevo roteiros de filme retrata uma constante busca da pesquisadora de tentar passear de mãos dadas com ele em seu mundo vivido (Lebenswelt) e nos faz questionar sobre a compreensão empática no acompanhamento de vividos psicóticos. Miguel, é espiritual ou psicológico? apresenta sua falta de implicação nas relações com os outros por se desintonizar do mundo e vivenciar dúvidas sobre invasões de espíritos do mal que comandam suas ações e seus sentimentos. A compreensão dos estudos de casos fenomenológicos de Roberto, Francisco e Miguel com inspiração na fenomenologia da ambiguidade de Merleau-Ponty ressalta um movimento dialético sem síntese, pois sempre implica constantemente com seu inacabamento e suas diversas possibilidades de significados. Para isso, assumimos a relevância da atitude humanista fenomenológica, seja do clínico ou do pesquisador, no sentido de facilitar o desvelamento dessas experiências (clínico-cliente-mundo) em um movimento dialético sempre aberto, sem síntese em um espaço clínico de acolhimento, confiança, empatia, liberdade de expressão e crescimento, construído nesta relação clínico-outro-mundo. Palavras-chave: 1. Esquizofrenia. 2. Fenomenologia. 3. Clínica. 4. Lebenswelt.