O Problema da Linguagem no Ensino de Geografia

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2018
Autor(a) principal: ESTEVES, Marcella Gomes
Orientador(a): BRITTO, Luiz Percival Leme
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal do Oeste do Pará
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-Graduação em Educação
Departamento: Instituto de Ciências da Educação
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://repositorio.ufopa.edu.br/jspui/handle/123456789/261
Resumo: Esta dissertação está dentro da grande área sobre linguagem e pensamento, no âmbito da aprendizagem escolar, e tem foco direcionado à concepção do conceito de linguagem pela área do ensino de Geografia no Brasil. A linguagem não é apenas acesso ao conhecimento, é conhecimento em si. O processo do pensamento depende da linguagem, assim como a linguagem depende do pensamento; são, pois, interdependentes. Pela palavra, pensamento e linguagem se unem, atribuindo ao conteúdo real substância para o processo do conhecer. Entretanto, a linguagem, por ser um conceito abordado por distintas área do conhecimento, é comumente compreendida não como estrutura do pensamento, mas como transmissão de informação; comunicação; expressão; regra estruturante de um processo; ou objeto semiótico. O ensino de Geografia passou por algumas mudanças, afastando-se do ensino mnemônico e enciclopédico para o ensino regionalista e crítico, e suas metodologias acompanharam essa transição, influenciadas pelas novas pedagogias. Alguns produtos da cultura são tomados pela área de ensino da geografia como recursos didáticos (como fotografias, charges, e música) e denominados de diferentes linguagens. Nosso objetivo foi o de verificar que concepção de linguagem tem a área de ensino da Geografia quando alude a este termo. Motivados pelo conceito de Discurso Fundador e Comentário de Michel Foucault, escolhemos como objeto empírico o conjunto de artigos produzidos pelos programas de pesquisa e pós-graduação em Geografia do Brasil, disponível em meio eletrônico. E inspirados no método indiciário de Carlo Guinzburg, realizamos a análise dos artigos para apreender sua concepção de linguagem e, posteriormente, analisamos os termos para investigar a aplicação de seu uso. Encontramos uma inflação de termos relacionados à linguagem (alfabetização, leitura, letramento e linguagens), o que demonstra grave fragilidade da área quanto ao uso conceitual. Muitos termos são utilizados no sentido metafórico de forma ingênua e com aproximação à área da linguística sem considerar suas distintas naturezas. A proliferação de termos e sua falta de fundamentação revelam não só uma concepção equivocada de linguagem como também uma concepção de escola com forte aproximação às pedagogias das competências, do ideal de aluno polivalente e do professor instrutor. É a concepção epistemológica que se tem de educação, aluno, professor e conhecimento que determinam os métodos didáticos. Quando apresenta diversos instrumentos e recursos didáticos como linguagem, a Geografia reproduz um problema conceitual, e não apenas uma questão de terminologia.