"Contra nós vem o governo com seus grandes projetos para matar o nosso rio, floresta, vida": narrativas do povo indígena Munduruku sobre as atividades de desenvolvimento impositivo

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2022
Autor(a) principal: LIMA, Hérica Silvânia Santos de lattes
Orientador(a): NOVAES, Túlio Chaves Novaes lattes
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal do Oeste do Pará
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-Graduação em Ciências da Sociedade
Departamento: Instituto de Ciências da Sociedade
País: BRASIL
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: https://repositorio.ufopa.edu.br/jspui/handle/123456789/791
Resumo: O estudo pretende enfrentar os embates em torno de projetos e atividades impositivas, ou seja, as ações que são conduzidas ou permitidas pelo Estado brasileiro, sem a participação, escuta dos interesses e perspectivas de desenvolvimento do povo Munduruku. O território indígena Munduruku do alto e médio rio Tapajós que marca o lócus de análise da pesquisa está localizado entre os municípios de Jacareacanga, Trairão e Itaituba. Por meio da análise das manifestações presentes em cartas, pronunciamentos e entrevistas, procura-se extrair o que é formulado pelos Munduruku sobre projetos de desenvolvimento impositivos em seus territórios, já partindo da afirmação de que essas racionalidades são silenciadas e negligenciadas pelo Estado. Foi aplicado o método da pesquisa bibliográfica e documental, fazendo uso da análise de livros, teses, artigos em periódicos, revistas, legislações, cartas dos Munduruku, pronunciamentos, entrevistas, processos judiciais, notícias, documentos institucionais e jurisprudências da Corte Interamericana de Direitos Humanos, no que tange aos direitos dos povos indígenas. Os Munduruku são afetados por projetos e atividades ilegais que nascem em desrespeito à democracia e aos direitos humanos, pois a pressão sobre os territórios é sentida pelo aumento das invasões, disputas de terra e projetos de inúmeras barragens. O que se percebe é que os povos indígenas e tradicionais são ignorados nas arenas de decisão política, e os atos legislativos e administrativos que os afetam são tomados de forma arbitrária, sem garantir o processo democrático e o direito à consulta prévia. Os Munduruku nos mostram que o direito à consulta (direito que possibilita outros direitos humanos fundamentais) é tratado com desdém pela União. O Estado brasileiro lança mão de uma decisão já tomada, sem possibilidade de mudança e que deve se realizar a qualquer preço, mesmo que condicione seres vivos a uma situação indigna e até mesmo ao apagamento total. Isso demonstra o quanto é necessário ouvir os povos que serão afetados, possibilitando um processo democrático e justo de decisão.