Água de beber e água de banhar: estudo socioambiental sobre gênero e insegurança hídrica domiciliar na várzea do Baixo Amazonas

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2023
Autor(a) principal: https://orcid.org/0000-0002-4935-5430 lattes
Outros Autores: TRINDADE, Andreza Barbosa
Orientador(a): NOGUEIRA, Rubens Elias Duarte lattes
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal do Oeste do Pará
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-Graduação em Sociedade, Ambiente e Qualidade de Vida
Departamento: Centro de Formação Interdisciplinar
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: https://repositorio.ufopa.edu.br/jspui/handle/123456789/1214
Resumo: A presente pesquisa observou a situaÁ„o em torno das privaÁıes ao acesso e gest„o domiciliar da ·gua numa comunidade varzeira do Baixo Amazonas. O objetivo principal foi verificar a inseguranÁa hÌdrica domiciliar e as vulnerabilidades de mulheres numa regi„o onde h· fontes de ·gua inseguras. Estudou-se gÍnero enquanto categoria analÌtica, relacional, onde mulheres e meninas s„o as principais afetadas em seu contexto socioambiental, cultural e histÛrico, por estarem socialmente responsabilizadas pelos afazeres e cuidados domÈsticos, na produÁ„o e reproduÁ„o da vida em seu contexto comunit·rio. Atentamos para essa problem·tica, a partir de uma relaÁ„o paradoxal na AmazÙnia brasileira: o da abund‚ncia in natura de ·gua versus a escassez nas residÍncias, bem como a m· qualidade dos serviÁos disponibilizados. As metodologias empregadas consistiram na an·lise descritiva dos dados estatÌsticos, das pr·ticas sociais dessas mulheres e meninas em torno das relaÁıes hÌdricas e levantamento bibliogr·fico e documental, configurando-se como qualiquantitativa. Constituiu-se as seguintes etapas: levantamento de dados secund·rios; pesquisa sistem·tica; prÈ-campo; organizaÁ„o da populaÁ„o e amostragem; elaboraÁ„o dos question·rios; implementaÁ„o da escala de inseguranÁa hÌdrica domiciliar e question·rio para coleta de dados prim·rios sociodemogr·ficos; an·lise e interpretaÁ„o dos dados. Entre outubro de 2022 e marÁo de 2023, coletou-se dados de 82 agregados familiares cuja amostra aleatÛria constatou 141 mulheres, sendo 101 em idade menstrual. Os resultados obtidos por meio da aplicaÁ„o da escala de inseguranÁa hÌdrica domiciliar e question·rio sociodemogr·fico apontaram a situaÁ„o das mulheres nos agregados familiares. Em 85% dos casos, as mulheres s„o as principais respons·veis pelos cuidados com a ·gua nos domicÌlios. 15% das mulheres s„o pretas/negras, enquanto (75%) s„o pardas. 70,13% das mulheres do universo da amostra estavam em idade menstrual, demonstrando vulnerabilidade quanto a higiene feminina. TambÈm foram avaliadas a renda e o trabalho domÈstico n„o remunerado associados ‡ maior inseguranÁa hÌdrica. AtravÈs de 12 vari·veis da escala avaliouse nas quatro ˙ltimas semanas a frequÍncia em que houve preocupaÁ„o, interrupÁ„o ou impedimentos para lavagem de roupas, lavagem das m„os e banho. Avaliou-se mudanÁas no planejamento di·rio em raz„o da interrupÁ„o ou ausÍncia de ·gua, mudanÁas ou impedimento no preparo dos alimentos. As demais vari·veis verificadas a nÌvel domiciliar referem-se ao stress percebido (vergonha, raiva ou irritaÁ„o) em relaÁ„o ‡s formas de obtenÁ„o, gest„o domÈstica e armazenamento da ·gua que consomem, a disponibilidade de ·gua para beber a partir da preferÍncia das mulheres que compunham os agregados familiares. Casas com maior n˙mero de mulheres, tendem a possuir maior inseguranÁa hÌdrica, indicando que mulheres est„o mais vulner·veis a questıes como higiene menstrual e atividades de cuidados domÈsticos que inclui cuidado com crianÁas, idosos e pessoas em adoecimento nos domicÌlios. A identificaÁ„o e caracterizaÁ„o da inseguranÁa hÌdrica, bem como a gest„o domiciliar da ·gua na regi„o AmazÙnica fomentam o debate sobre polÌticas p˙blicas numa perspectiva de gÍnero.