Entre bolhas raciais, podas e sonhos : as relações entre identidades negras e brancas em suas dimensões estéticas (cabelo e corpo afro) no contexto das ações afirmativas da UFMT
Ano de defesa: | 2020 |
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Autor(a) principal: | |
Orientador(a): | |
Banca de defesa: | |
Tipo de documento: | Dissertação |
Tipo de acesso: | Acesso aberto |
Idioma: | por |
Instituição de defesa: |
Universidade Federal de Mato Grosso
Brasil Instituto de Educação (IE) UFMT CUC - Cuiabá Programa de Pós-Graduação em Educação |
Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: | |
Link de acesso: | http://ri.ufmt.br/handle/1/3964 |
Resumo: | Esta pesquisa de mestrado do Programa de Pós-Graduação em Educação (PPGE), na Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), vincula-se à Linha de Pesquisas Movimentos Sociais, Política e Educação Popular e ao Núcleo de Estudos e Pesquisas sobre Relações Raciais e Educação (NEPRE) e abordou sobre a (re)construção das identidades negras no contexto das ações afirmativas e das relações raciais na UFMT. Assim, o objetivo geral da pesquisa foi compreender os processos de (re)construções identitárias dos/as negros/as da UFMT a partir de suas estéticas, compreendendo os processos de afirmação/negação e/ou de negociação dos seus “sinais diacríticos” (BARTH, 1998), no espaço universitário. Os objetivos específicos foram: identificar as formas e as ações/intervenções em relação as estéticas dos/as negros/as, realizadas por professores/as em sala de aula ou fora dela, pela gestão dos cursos e estudantes; investigar se há conflitos raciais entre os/as estudantes no que se refere ao corpo, ao cabelo e a estética negra quanto as dinâmicas dos privilégios simbólicos das identidades brancas e as negações e afirmações da estética negra; e analisar se há e quais são os mecanismos de fortalecimento das identidades negras. A pesquisa problematizou: como acontecem e quais são as vivências e as sociabilidades universitárias no tocante as formas de lidar com a visibilização das identidades negras, seja pela estética, corpo e cabelo, no contexto das ações afirmativas na UFMT? Quais os mecanismos e as formas de potencialização ou de preconceito e de discriminações raciais referentes aos “sinais diacríticos” das identidades negras na UFMT? Qual o significado da branquitude em relação as identidades brancas no processo relacional com as identidades negras no contexto das ações afirmativas da UFMT? O aporte teórico sobre as relações raciais brasileiras foi: Paixão (2014), Guimarães (1999), Seyferth (1985) entre outros/as. Sobre identidade: Hall (2015), Gomes (2006), Cuche (2002); e sobre ações afirmativas: Santos (2016), Siss (2003), Feres Jr. (2006). A metodologia teve uma abordagem qualitativa, com base nas narrativas de vida em perspectiva etnossociológica de Bertaux (2010). A coleta de dados foi por meio de observações participantes, pesquisa documental e entrevistas semiestruturadas nos espaços da UFMT que discutem as identidades negras e brancas. O locus da pesquisa foi a UFMT, campus Cuiabá; os sujeitos pesquisados/as foram os/as estudantes e professores/negros/as e brancos/as de alguns cursos da universidade. Os resultados apontaram que o contexto das ações afirmativas e os coletivos negros na UFMT reeducam, oportunizam e fortalecem as (re)construções das identidades negras e encorajam a manifestação e a denúncia contra o preconceito, a discriminação racial e o racismo dentro e fora da sala de aula na UFMT. Em contrapartida, a presença de mais negros/as desperta o racismo escondido e a branquitude, enquanto privilégios raciais, enraizada em muitos/as estudantes e professores/as brancos/as, apesar do interesse de alguns/algumas desses/as em apreender mais sobre a produção das desigualdades raciais, acerca das identidades e culturas negras, de um certo reconhecimento do racismo e do potencial que os/as estudantes negros/as têm demonstrado na UFMT. A bolha racial identificada representa na UFMT um espaço que disfarça bem o racismo, apesar da luta dos coletivos e grupos negros por meio dos seus eventos e ações; as podas representam as práticas e os pensamentos raciais na ordem institucional e interpessoal que tentam cortar/dolorir as identidades negras na UFMT; já os sonhos denotam as possibilidades ampliadas que as cotas raciais significam tanto para o corpo universitário quanto para o corpo social. Ancorada nisso, foi possível observar os “jogos” das relações raciais que ainda necessitam ser mais explorados na UFMT. |