Infecção pelo Treponema pallidum em homens que fazem sexo com homens em Campo Grande-MS

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2014
Autor(a) principal: Fernandes, Fernanda Rodas Pires
Orientador(a): Castro, Ana Rita Coimbra Motta de
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://repositorio.ufms.br/handle/123456789/2899
Resumo: A sífilis é uma doença infecciosa sistêmica, de evolução crônica e representa um importante problema de saúde pública em todo o mundo. Multiplicidade de parceiros e uso irregular de preservativos expõem os homens que fazem sexo com homens (HSH) ao risco de aquisição de infecções sexualmente transmissíveis (IST), como a sífilis. O presente estudo teve como objetivo estimar a prevalência da infecção pelo Treponema pallidum em HSH, bem como analisar os fatores de risco associados a essa infecção em gays e travestis em Campo Grande-MS. Entre dezembro de 2012 a outubro de 2013, os participantes foram submetidos à entrevista e coleta de amostras de sangue para detecção do marcador sorológico anti-Treponema pallidum utilizando o ensaio imunoenzimático (ELISA). As amostras positivas para anti-T. pallidum foram submetidas ao teste não treponêmico (VDRL). Dos 430 HSH que participaram do estudo, 278 (64,7%) eram gays e 152 (35,3%) travestis. Do total dos HSH estudados, 149 apresentaram positividade para o anti-Treponema pallidum, o que resultou em uma prevalência total de 34,7% (IC 95%: 30,2 – 39,1). Foi encontrada uma diferença significativa entre a prevalência da infecção pelo T. pallidum nas travestis (50,0%; IC 95%: 42,1 – 57,9) e nos gays (26,3%; IC 95%: 21,1 – 31,4) (p<0,001). A infecção ativa (VDRL > 1:8) pelo T. pallidum foi sugestiva em 17,5% (IC 95%: 13,9 – 21,0) dos HSH estudados. Destes, 15,8% dos gays e 75,7% das travestis eram profissionais do sexo. O uso irregular do preservativo nos últimos 12 meses foi relatado por 61,4% dos gays e 70,3% das travestis. Ressalta-se que a maioria das travestis relatou ter tido pelo menos dois parceiros sexuais nos últimos sete dias (69,7%) e ter consumido drogas ilícitas (63,8%). Entre os gays, essas variáveis foram relatadas em 23,7% e 40,6%, respectivamente. Aproximadamente 38,0% dos gays e 21,0% das travestis relataram relação sexual com mulheres nos últimos 12 meses. O relato de violência sexual foi verificado em 13,5% dos gays e 24,6% das travestis. A análise multivariada dos fatores de risco do grupo dos gays revelou associação significativa entre a infecção pelo T. pallidum e idade entre 20 a 24 e superior a 29 anos, ter realizado fetiche e história de ferida ou úlcera na genitália nos últimos 12 meses. Entre as travestis estudadas, idade superior a 29 anos, ter mais de 10 parceiros sexuais nos últimos sete dias e positividade ao anti-HIV foram independentemente associados à infecção pelo Treponema pallidum. Os resultados deste estudo evidenciam uma elevada prevalência da infecção pelo Treponema pallidum nos grupos populacionais estudados, bem como elevada frequência de fatores/comportamentos de risco, indicando que a implantação de estratégias específicas de saúde que incluem diagnóstico, assistência e prevenção são urgentemente necessárias para o controle dessa infecção na população estudada, visando a interrupção da cadeia de transmissão dessa infecção na população de HSH e seus contatos sexuais.