Os fios da memória nos teares da imaginação de Ana Maria Machado: o narrador em Do outro mundo
Ano de defesa: | 2010 |
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Autor(a) principal: | |
Orientador(a): | |
Banca de defesa: | |
Tipo de documento: | Dissertação |
Tipo de acesso: | Acesso aberto |
Idioma: | por |
Instituição de defesa: |
Universidade Federal de Minas Gerais
UFMG |
Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: | |
Link de acesso: | http://hdl.handle.net/1843/ECAP-886L5J |
Resumo: | A publicação, em 1929, de A menina do narizinho arrebitado, de Monteiro Lobato, foi o marco da revolução na literatura infantil brasileira, consolidado por uma literatura criativa e distanciada dos objetivos meramente pragmáticos. Na década de 1970, após um período de estagnação, com o boom da literatura infantil brasileira, uma nova tendência começou a ser delineada. Nesse novo quadro, despontam grandes escritores, dentre eles, Ana Maria Machado, um dos expoentes por criar uma literatura de linguagem extremamente cuidadosa. Ana conseguiu conciliar o que, em princípio, parecia se opor: o emprego de uma linguagem comunicativa que se nega ao hermetismo e o apelo a imagens poéticas que buscam o prazer estético, procurando tornar o texto acessível ao pequeno leitor e interessante ao adulto. Esta pesquisa teve por objetivo o estudo da memória na obra de Ana Maria com ênfase no conto 'Do outro mundo', produção infanto-juvenil, pelo intercurso do narrador, procurando articular a memória das experiências vividas pela autora e a (re)construção, pela escrita, das sensações/impressões do vivido, atualizadas pelo sujeito que narra; plano em que se interpenetram o autor e o narrador. Ana Maria torna possível o diálogo entre o que poderia ter sido, resgatado pela memória e interpretado pelo sujeito que escreve, e o que é (re)construído pelo narrador que no presente relata. Procurei focar a não linearidade da trama, cujos enlaces espaço/temporais se abrem à multiplicidade, articulando passado (memória da infância), presente (re-criado) e futuro (imaginado), em arranjos que caminham pela sobreposição de planos narrativos. Nesse percurso em que o pretérito é (re)criado no presente narrativo, via autor que o atualiza na voz do narrador, procurei sustentação na teoria sobre o escritor criativo de Sigmund Freud (1908), na teoria sobre o fictício e o imaginário de Wolfgang Iser (1976-1979), na teoria da narrativa de Oscar Tacca (1978) e na teoria e história sobre a literatura infantil e juvenil de Nelly Novaes Coelho(1983-2000), que foram de grande valia para esta pesquisa. Não tive a pretensão de esgotar a reflexão sobre experiência vivida e ficção na obra de Ana Maria, pelo contrário, tive a expectativa de compor uma base teórica que pudesse contribuir para futuros estudos sobre o texto literário destinado às crianças, propiciar elementos que possibilitassem o cotejo literário com outros campos de conhecimento e ratificar a importância de Ana Maria Machado para a literatura brasileira. |