Treinamento físico aeróbio promove efeito cardioprotetor contra a cardiotoxicidade induzida por doxorrubicina em modelo murino de câncer de mama

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2024
Autor(a) principal: Mariana Duarte de Souza
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Minas Gerais
Brasil
EEF - DEPARTAMENTO DE FISIOTERAPIA
Programa de Pós-Graduação em Ciências da Reabilitação
UFMG
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/1843/69611
Resumo: A doxorrubicina (Doxo) é um quimioterápico utilizado no câncer de mama. Entretanto, a Doxo pode provocar efeitos colaterais como a cardiotoxicidade. Em adição, o próprio tumor promove alterações metabólicas dos cardiomiócitos. O treinamento físico aeróbico (TFA) apresenta potencial de mitigação dos efeitos da quimioterapia e tumor sobre os cardiomiócitos. O objetivo deste estudo foi caracterizar um modelo pré-clínico de cardiotoxicidade e avaliar o efeito cardioprotetor do TFA. A primeira etapa do estudo consistiu na padronização da cardiotoxicidade. Para isso, os animais foram divididos em quatro grupos: Controle (Ct), Doxo (Doxo), Tumor (Tm), Tumor+Doxo (Tm+Doxo). Foram inoculadas 2x105 células EO771 tumor de mama subclassificado com luminal B na primeira glândula cervical direita. O tratamento com a Doxo foi realizado uma vez por semana, com duração de cinco semanas,uma dose de (5mg/Kg), iniciado sete dias após a inoculação das células. A segunda etapa consistiu na avaliação do efeito cardioprotetor do TFA. Nesta etapa os animais foram divididos em dois grupos: Tumor+Doxo Sedentário (Tm+Doxo SED) e Tumor+Doxo TFA. O TFA foi iniciado juntamente com o tratamento da Doxo. Os testes de esforço cardiopulmonar (TCP) e de força muscular foram realizados antes e após o TFA. Em ambas etapas, os animais foram submetidos a imagem de PET para avaliação do metabolismo e função do miocárdica com fluordeoxiglicose (18F-FDG) (SUV) nas semanas 2 (S2), semana 4 (S4) e semana 6 (S6) após o início do protocolo. A análise histopatológica incluiu a quantificação da intensidade das espécies reativas de oxigênio (ROS) e inflamação (CD68) no miocárdio. Na primeira etapa houve queda progressiva da fração de ejeção do ventrículo esquerdo (FEVE) nos grupos Doxo (S2 vs S6, p= 0,037) e Tm+Doxo (S2 vs S4, p= 0,024; S2 vs S6, p=0,003). Foi observado aumento progressivo da captação miocárdica de 18F-FDG em todos os grupos experimentais (p< 0,05), exceto no grupo Ct. Foi observado aumento importante de ROS no grupo Doxo. O grupo Doxo, assim como no grupo Tm+Doxo (p= 0,001) apresentaram maior intensidade de inflamação. Na segunda etapa, houve queda progressiva da FEVE no grupo Tm+Doxo SED (S2 vs S4, p= 0,024; S2 vs S6, p=0,003) que não foi observada no grupo Tm+Doxo TFA (p> 0,05). O grupo de animais submetidos ao TFA apresentou menor produção de ROS e menor inflamação miocárdicas. O TFA impediu a queda do consumo máximo de oxigênio no pico do exercício (VO2pico) e aumentou a tolerância ao exercício. O TFA foi capaz também de impedir a redução de força muscular esquelética. O modelo caracterizado induziu a cardiotoxicidade e apresentou alterações miocárdicas. Além disso, o TFA mostrou-se eficaz na proteção contra a cardiotoxicidade da Doxo. Reduziu a captação miocárdica de glicose, diminuiu ROS e inflamação, e preservou a função cardíaca, além de manter o desempenho físico. Esses achados destacam seu potencial como estratégia complementar no tratamento do câncer de mama.