“La paz sin las mujeres ¡no va!” : um estudo sobre os ativismos interseccionais feministas nos processos de construção da paz na Colômbia (2012-2016)

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2020
Autor(a) principal: Pedro Barbabela de Mello Vilela
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Minas Gerais
Brasil
FAF - DEPARTAMENTO DE CIÊNCIA POLÍTICA
Programa de Pós-Graduação em Ciência Política
UFMG
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/1843/36390
https://orcid.org/0000-0003-1360-4455
Resumo: Após quatro tentativas de se estabelecer a paz na Colômbia, foi assinado em 2012 um termo de compromisso entre o governo nacional e as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia – Exército do Povo (FARC-EP) para resolução do conflito armado. A assinatura do termo significou muito mais do que o compromisso das partes na retomada das negociações, tornando-se um importante marco de inclusão e de disputas por participação de diversos agentes sociais ao longo do processo. Durante o período dos diálogos, os movimentos de mulheres e feministas assumiram um papel central ao mobilizar e organizar demandas diversas e plurais em uma luta conjunta por reconhecimento e direitos. Suas mobilizações reconheceram a interseccionalidade como um eixo de ação fundamental para as práticas feministas e estiveram presentes na maior parte das intervenções organizadas no país. Como resultado das negociações, em setembro de 2016, foi apresentada a primeira versão dos Acordos de Paz de La Habana. Assim, na presente dissertação, buscou-se, por meio de uma etnografia de documentos, compreender as diferentes estratégias adotadas pelos movimentos de mulheres e feministas na Colômbia, a partir das múltiplas manifestações dos ativismos interseccionais feministas no período compreendido entre os anos de 2012 e 2016. Os resultados apontaram para ações “em movimento” nas quais as mulheres participaram por meio de três vias – delegações oficiais, consultoria e movimentos de mulheres e feministas – na busca pela construção de redes de lutas por direitos. Além disso, observou-se a existência de relações entre as experiências diferenciadas das mulheres ao longo do conflito e a construção de políticas sensíveis aos marcadores interseccionais de gênero, raça, etnia, sexualidade, entre outros. Tais políticas foram construídas por meio de práticas interseccionais que, por sua vez, representaram esforços de superação das desigualdades reproduzidas pelo conflito. Os Acordos de La Habana foram inéditos ao apresentarem um recorte diferenciado de gênero em cada um dos seis pontos firmados, como resultado de ações coordenadas dos movimentos de mulheres e feministas e sua incidência sobre os agentes em negociação, a partir de diferentes arenas políticas. No entanto, o plebiscito organizado para decidir pela aprovação dos acordos demonstrou as forças de grupos de cunho conservador e exigiu uma reformulação do documento final de paz.