O valor político do inútil

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2016
Autor(a) principal: Alvim, Mayara Helena lattes
Orientador(a): Lopez, Maximiliano Valerio lattes
Banca de defesa: Miranda, Sonia Regina lattes, Matos, Andityas Soares de Moura Costa lattes
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Juiz de Fora
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-graduação em Educação
Departamento: Faculdade de Educação
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: https://repositorio.ufjf.br/jspui/handle/ufjf/2251
Resumo: Diante de experiências no Movimento Estudantil e em programas e projetos de extensão universitária junto a movimentos de cunho político e social, me pus a questionar sobre a vitalidade de fazeres artísticos e poéticos em espaços de militância. A partir disso, posso dizer que sinto que estes fazeres são incorporados de diferentes maneiras em diferentes organizações políticas e é sobre o lugar que estes fazeres ocupam que me pergunto aqui, por perceber muitas vezes uma relação utilitária com a arte e poucas vezes com o entendimento de seu fazer como um fim em si ou um meio sem fim. Acreditando que nestas coletividades vive-se uma constante urgência de demandas estratégicas, táticas, enfrentamentos e de solução de necessidades básicas de sobrevivência, suponho que fazeres artísticos acabam por se posicionar em um segundo plano de prioridade e me proponho a estranhar essa realidade. Estranhar que nota-se no mundo capitalista, a apreensão do tempo aiônico por desejos cronotípicos e que em movimentos sociais de base de esquerda como os que convivi, surpreendentemente, a mesma lógica de apreensão se aplica. Os momentos de suspensão do tempo produtivo também são tomados pela razão e pela objetividade de construir um projeto contra hegemônico de futuro. Cantar, dançar, encenar etc. aparecem como ferramentas de um propósito. Estranhando esta realidade é que proponho esta reflexão sobre a (in)utilidade dos fazeres artísticos, que despontam nestes espaços, valorizando tal condição. Entendendo este estudo como uma escrita como experiência, desde a experiência e, algumas vezes, sobre a experiência de lidar com os temas que abordo, cabe compartilhar que, como modo de organizar esta experiência, tenho alguns pontos que se configuram em capítulos. O primeiro esforço é a apresentação do milagre de Caná como introdução ao problema da temporalidade e da produtividade. O segundo é um estudo sobre o tempo e suas configurações. O terceiro, sobre o que quero chamar de “inútil” a partir de suas características de gratuidade e utopia. Por fim, o quarto capítulo diz do valor político da inutilidade, apontando que o inútil precisa ser sagrado, para que a suspensão do trabalho sirva a si mesma e não ao trabalho; que o inútil precisa ser gratuito, para que o presente não seja colonizado em dívida com o futuro e precisa ser utópico e poético, para que resguarde um espaço de indeterminação inalcançável pelo sistema capitalista, incalculável e aberto à felicidade.