Depois das grades: trajetórias de mulheres egressas do sistema prisional

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2019
Autor(a) principal: Helpes, Sintia Soares lattes
Orientador(a): Fraga, Paulo César Pontes lattes
Banca de defesa: Duriguetto, Maria Lúcia lattes, Silva, Felipe Maia Guimarães da lattes, Lourenço, Luiz Claudio lattes, Miranda, Márcia Mathias de lattes
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF)
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-graduação em Ciências Sociais
Departamento: ICH – Instituto de Ciências Humanas
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: https://repositorio.ufjf.br/jspui/handle/123456789/10186
Resumo: Pesquisas mostram que parte significativa das presidiárias e dos presidiários, ao contrário do que crê o senso comum, exerceu alguma atividade laboral lícita antes de cumprir pena privativa de liberdade e que, no geral, está inserida em setores precarizados do mercado de trabalho. Sendo assim, quais são as consequências da estada na prisão para as vidas dessas pessoas depois das grades? Com o propósito de compreender o tema, apresentamos uma discussão sobre a questão do trabalho nas últimas décadas, que passa por um processo de intensificação de flexibilização e precarização desde a hegemonia do neoliberalismo. Outro processo globalmente notado é o agigantamento do Estado Penal, levando ao aumento da população carcerária e à criminalização de variadas condutas. A partir disso, apresentamos um panorama sobre as consequências das referidas transformações para a vida das mulheres, que passam a ser cada vez mais precarizadas e criminalizadas, como acontece com as protagonistas do presente estudo. Com o objetivo de compreendermos, na vida prática, as consequências da reclusão na trajetória das mulheres que já passaram pelo encarceramento, foram feitas entrevistas de histórias de vida com dez mulheres egressas do sistema prisional na cidade de Juiz de Fora, MG. Em todas as histórias de vida analisadas, o cotidiano é permeado pela necessidade de criação de estratégias de encobrimento das características estigmatizadas, ou seja, encobrimento do envolvimento com o crime e da passagem pela prisão. A posição de “desacreditável” perante a sociedade faz com que estas mulheres retornem ao mercado de trabalho em circunstâncias ainda menos competitivas do que antes do aprisionamento, dificultando as possibilidades de superarem a condição de precariado. A luta cotidiana pela sobrevivência fora das atividades ilícitas é feita, em todos os casos analisados, sem o auxílio de políticas públicas de reabilitação, como se tal processo fosse de responsabilidade unicamente individual e não parte da agenda governamental de prevenção à criminalidade. O fato de ser mulher, em uma sociedade patriarcal, marcou cada uma das trajetórias narradas, seja pela violência sofrida, pela relação com os filhos ou pela solidão no cárcere.