Análise comparativa da progressão e tratamento multidisciplinar da doenca renal crônica entre pacientes em tratamento conservador e transplantados renais

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2018
Autor(a) principal: Carminatti, Moisés lattes
Orientador(a): Pinheiro, Hélady Sanders lattes, Fernandes, Natália Maria da Silva lattes
Banca de defesa: Bonato, Fabiana Oliveira Bastos lattes, Carmo, Wander Barros do lattes, Colares, Vinicius Sardão lattes, Moura, Lucio Roberto Requiao lattes, Franco, Marcia Regina Gianotti lattes
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF)
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-graduação em Saúde Brasileira
Departamento: Faculdade de Medicina
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: https://repositorio.ufjf.br/jspui/handle/ufjf/8235
Resumo: Introdução. As complicações e fatores de risco tradicionais para progressão da doença renal crônica (DRC), típicos dos pacientes pré dialíticos (PPD), também são observados nos pacientes transplantados renais (PTR), e seu estudo é relevante diante da estacionária sobrevida em longo prazo do enxerto renal. A abordagem multidisciplinar, reconhecidamente o melhor modelo de assistência a PPD, é pobremente descrita no tratamento da DRC em PTR. Objetivo. Comparar cobertura e performance do tratamento das complicações e fatores de risco relacionados à progressão da DRC, sobrevida renal e dos pacientes, e taxa de progressão da DRC, entre um grupo de PPD e um de PTR, ambos seguidos por equipe multidisciplinar. Casuística e Métodos. Estudo de coorte retrospectiva, com 101 PTR em acompanhamento em hospital universitário e 101 PPD selecionados por escore de propensão, utilizando dados semestrais de prontuário referentes a período de seguimento de 12 a 60 meses. Comparamos sobrevida dos pacientes e da função renal, decaimento da taxa de filtração glomerular (TFG), prevalência de complicações e fatores de risco relacionados à progressão da DRC, porcentagem de pacientes sem tratamento destas, porcentagem de consultas sem tratamento destas, e porcentagem de consultas dentro das metas de tratamento. A variação da TFG, estimada pela fórmula CKD-Epi, foi calculada pelo modelo linear generalizado misto; a sobrevida da função renal e dos pacientes pelo método Kaplan-Meier, e as diferenças foram comparadas por odds ratio ou risco relativo, conforme apropriado. Resultados. Ambas coortes foram comparáveis em termos de TFG e distribuição em categorias da DRC, porém PTR eram mais jovens (43,4±12,5 vs. 50,2±13,5 anos, p<0,001) e tiveram seguimento mais longo (55,7±12,1 vs. 31,6±11,5 meses, p<0,001). Pressão arterial sistólica e diastólica, e prevalência de proteinúria >1g/dia, foram maiores nos PPD ao início do estudo, mas não se mantiveram durante o seguimento. Anemia foi mais comum (38,6% vs 15,8%, RR 2,43, IC 1,46-4,06, p<0,001) e recebeu tratamento mais frequentemente nos PTR (73,9% vs 11,3%, OR 0,15, IC 0,1-0,23, p<0,001), mas o número de pacientes sem tratamento de anemia durante o seguimento foi semelhante entre os grupos. Hipercolesterolemia sem tratamento foi menos comum nos PTR (15,7% vs 22,9%, OR 0,68, IC 0,52-0,89, p=0,005), mas hiperfosfatemia não tratada (56,1% vs 30,0%, RR 1,86, IC 1,01-3,44, p=0,044) e hiperuricemia não tratada (60,4% vs 35,4%, RR 1,7, IC 1,31-2,21, p<0,001) foram mais comuns nesta coorte. A porcentagem de consultas com pacientes nas metas de tratamento avaliadas foi semelhante entre os grupos, exceto pressão arterial diastólica (83,4% vs 77,3%, RR 0,92, IC 0,88-0,97, p=0,002) e hipertrigliceridemia (67,7% vs 58,2%, OR 0,85, IC 0,78-0,93, p<0,001), mais frequentemente controlados nos PPD, e proteinúria (92,7% vs. 83,5%, RR 1,1, IC 1,05-1,16, p<0,001) e LDL colesterol, mais frequentemente na meta nos PTR. A sobrevida dos pacientes e o decaimento da TFG (0,81 mL/min/ano nos PTR vs 1,07 mL/min/ano nos PPD, p=0,48, IC -0,04–0,08) foram semelhantes, mas os PPD evoluíram mais frequentemente para diálise (9,9% vs 6,9%, p<0,001). Conclusão. Diferentes prevalências de algumas complicações podem ser explicadas pelo maior número de pacientes incidentes no grupo PPD e pelos efeitos adversos dos imunossupressores nos PTR. Observamos boa performance do modelo multidisciplinar no tratamento das complicações da DRC em PTR, em comparação com PPD, sugerindo que este modelo de tratamento pode contribuir para melhor qualidade de acompanhamento clínico dos PTR.