Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2024 |
Autor(a) principal: |
Neves, Daniele Michael Trindade
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Orientador(a): |
Castro, Hebe Maria da Costa Mattos Gomes de
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Banca de defesa: |
Brügger, Silvia Maria Jardim
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Thomaz, Fernanda
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Monteiro, Lívia Nascimento
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Tipo de documento: |
Dissertação
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF)
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Programa de Pós-Graduação: |
Programa de Pós-graduação em História
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Departamento: |
ICH – Instituto de Ciências Humanas
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País: |
Brasil
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Palavras-chave em Português: |
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Área do conhecimento CNPq: |
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Link de acesso: |
https://repositorio.ufjf.br/jspui/handle/ufjf/18019
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Resumo: |
Ao tomar como ponto de partida a análise da trajetória de Maria Cecília de Jesus, o presente trabalho tem como intuito chamar a atenção para as estratégias de inserção social adotadas por homens e mulheres negras que optaram por permanecer próximos aos antigos cativeiros logo após a Abolição da escravidão no Brasil e ao longo de todo o século XX. Maria Cecília de Jesus foi uma mulher preta, nascida em 1905 na comunidade do Cruzeiro do Rio Grande (popularmente conhecida como Desbarrancado), onde viveu até se casar e mudar para um lugarejo chamado Chapada. Mais tarde, fincou residência na Fazenda da Santa Cruz, uma das muitas da região cuja origem remonta ao período escravista. Cecília foi lavadeira na Fazenda de Santa Cruz, onde também exerceu a arte de contar histórias. Os contos narrados por ela deram origem à obra Histórias que a Cecília contava, organizada por alguns daqueles que, durante a infância, lhe importunavam para que contasse histórias. Mais tarde, Cecília se tornou uma espécie de ama-seca ainda na Fazenda de Santa Cruz, onde viveu até a década de 1980, quando foi posta no asilo Lar das Velhinhas, em Barbacena - MG, onde faleceu em 1984. Analisar a trajetória de Cecília à luz da historiografia sobre o tema nos permite entender diversos elementos atrelados à vivência dos negros após a Abolição – sobre os quais ainda se sabe muito pouco. A fim de entender esses elementos ligados à vivência dos negros após a Abolição, recuamos até o século XIX, levando em consideração que os projetos de liberdade construídos ao longo dos tempos do cativeiro foram decisivos para os caminhos trilhados pelos libertos e seus descendentes após a abolição. Por fim, este trabalho examina as estratégias de inserção social adotadas por homens e mulheres negros a partir da experiência de cativeiro ao longo de todo o século XX. Tal caminho se realiza na contramão daquilo que é posto pelo historiador José Murilo de Carvalho, ao afirmar que a “transição do trabalho escravo para o livre em Piedade do Rio Grande parece ter-se verificado sem traumas”.1 Diante disso, leva-se em consideração o lugar de fala do autor mencionado como homem, branco e membro da elite local e o meu lugar de fala enquanto mulher, preta, pobre e descendente dos cativos dos quais trata o autor. |