Resumo: |
Esta pesquisa, de natureza qualitativa, se desenvolveu a partir da seguinte questão mais geral: o fenômeno de proliferação de academias de ginástica exclusivas para mulheres está ancorado no processo mais contemporâneo de emancipação da mulher? Estabelecemos a entrevista como estratégia metodológica para coleta de dados empíricos. Com base em um roteiro de questões semiestruturado, entrevistamos vinte e três frequentadoras de três academias de ginástica exclusivas para mulheres situadas na Cidade de Juiz de Fora, em Minas Gerais. De posse dos dados provenientes das entrevistas, com a leitura inicial e atenta dos mesmos, decidimos produzir dois artigos. No Artigo 1, o objetivo é analisar as identidades que a mulher constitui na medida em que se (re)posiciona psicossocialmente. Concluímos que se a mulher autogovernada de hoje abdicou, relativamente, dos papeis “tradicionais”, é porque a vida familiar, o íntimo, o relacional com os seus amores, permanecem sendo privilégios do corpo feminino, e/ou mais privilegiados pelo mesmo; é uma identidade domiciliar e materna que se conserva, de certo modo, fixada, paradoxalmente, na mudança e no irrecusável avanço. No Artigo 2, o objetivo é analisar os motivos da prática da ginástica em academias exclusivas para mulheres e suas relações com o binarismo sexual. Concluímos que a motivação das mulheres entrevistadas para a prática da ginástica nesses locais se mostra ancorada, fundamentalmente, na relação que as mesmas estabelecem, direta ou indiretamente, com o homem, “em casa” (namorados, maridos) e/ou na cena social. |
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