História de vida e comportamento de Achatina fulica Bowdich, 1822 (Mollusca, Achatinidae) em condições de laboratório

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2013
Autor(a) principal: Chicarino, Evelyn Durço lattes
Orientador(a): Bessa, Elisabeth Cristina de Almeida lattes
Banca de defesa: Silva, Jairo Pinheiro da lattes, D’ávila, Sthefane lattes
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Juiz de Fora
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-graduação em Ciências Biológicas: Comportamento e Biologia Animal
Departamento: ICB – Instituto de Ciências Biológicas
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: https://repositorio.ufjf.br/jspui/handle/ufjf/1489
Resumo: Em condições laboratoriais Achatina fulica apresentou padrão de crescimento indeterminado e ganho de massa corporal ao longo do experimento, desacelerando após a maturidade sexual. O isolamento influenciou diretamente na taxa de crescimento e aumento de massa corporal, sendo observado aumento desses parâmetros para Isolados. Durante a etapa de desenvolvimento, houve diferenças significativas na taxa de crescimento e aumento de massa corporal, com maiores valores alcançados nos períodos pós-maturidade tanto para Isolados quanto para Agrupados, porém não diferindo significativamente entre eles. A mortalidade no período pré e pós-maturidade sexual de A. fulica não diferiu para Isolados ou Agrupados, mas quando comparada a mortalidade de cada período da vida entre os grupos verificou-se que essa foi maior para Agrupados. Foi observado mais de um evento reprodutivo para Isolados e Agrupados. Agrupados se reproduziram por um período de tempo mais curto, com posturas consecutivas. Para isolados foi observado o oposto. O tempo médio alcance da maturidade sexual entre os grupos diferiu, Agrupados foram sexualmente maduros mais cedo (284 dias) do que de Isolados (295 dias). Os moluscos Isolados alcançaram a maturidade sexual com maior tamanho (12,5 cm) e ganho de massa (170 g). O número de ovos foi significativamente maior para os moluscos Agrupados e não houve diferenças do número médio de eventos reprodutivos entre Agrupados e Isolados. Isolados produziram ovos, porém não foi observada eclosão de jovens. A temperatura influenciou somente o tempo de incubação e de eclosão dos ovos. De forma diferente, a URA (umidade relativa do ar) foi positivamente correlacionada com o crescimento médio, taxa de crescimento, ganho de massa corporal médio, taxa de ganho de peso, mortalidade, tempo de incubação e taxa de eclosão para ambos grupos. A temperatura não influenciou o número de eventos reprodutivos e número de ovos por molusco para Isolados e Agrupados. Já a URA influenciou no número de posturas e de ovos por molusco em Isolados. O mesmo comportamento foi observado em Agrupados. Houve correlação significativa da temperatura no tempo de eclosão dos ovos e na eclodibilidade. A URA que foi significativa para o tempo de eclosão, porém não houve correlação para a eclodibilidade. Quando avaliado o metabolismo de carboidratos, se verificou um aumento nas concentrações de galactogênio após o primeiro evento reprodutivo, ocorrendo a diminuição de glicose neste período, através do qual realiza sua síntese. As concentrações de glicose e glicogênio foram maiores na fase jovem ao contrário do galactogênio. Na fase adulta, se verificou o deslocamento energético do crescimento para a reprodução, uma vez que o glicogênio da massa cefalopediosa foi maior do que na glândula digestiva, caracterizando um crescimento indeterminado. Acredita-se que as condições utilizadas neste estudo tenha influenciado o processo reprodutivo de A. fulica. Já quando avaliado o comportamento de A. fulica em mesma condição indivíduos adultos foram mais ativos que os jovens ao longo do estudo. Houve diferença para o comportamento “enterrar”, sendo que jovens permaneceram mais enterrados do que adultos. Observou-se diferença para o ato “repousar” (repouso total), sendo maior para adultos. O repouso horizontal no substrato foi mais frequente em adultos, não diferindo estatisticamente com moluscos jovens enquanto o repouso vertical na parede do terrário foi igual para adultos e jovens. Para o ato “deslocar” (deslocamento total) o mesmo padrão foi observado. Porém adultos se deslocaram mais horizontalmente do que jovens, diferindo-se significativamente. Não houve diferença para o deslocamento vertical. Verificou-se sobreposição no horário de deslocamento entre adultos e jovens, embora animais adultos tenham se deslocado por um período maior. Não foi observada diferença para a frequência do comportamento “alimentar”, porém jovens tiveram um período menor para a alimentação, sobrepondo com animais adultos. O mesmo padrão foi observado para “explorar”. Os comportamentos “emergir” e “enterrando” também não diferiram. O ato “defecar” foi observado somente em indivíduos adultos. O comportamento de “interagir” não foi observado em jovens, nem em adultos. A umidade relativa do ar não influenciou na atividade de jovens e adultos. Porém a temperatura teve influência semelhante em ambas idades, sendo tanto maior a atividade quanto maior a temperatura, numa escala de 22 a 26ºC. Esse trabalho sugere que pode haver competição por alimento e espaço entre jovens e adultos, ocorrendo assim um autocontrole populacional da espécie devido à sobreposição de nicho.