Entre leitores, bibliotecas, campos e jardins: Gabriela Mistral e Cecília Meireles em projetos de educação popular México (1920) e Brasil (1930)

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2014
Autor(a) principal: Ferreira, Rosângela Veiga Júlio lattes
Orientador(a): Rocha, Marlos Bessa Mendes da lattes
Banca de defesa: Lemos, Daniel Cavalcanti de Albuquerque lattes, Antunes, Katiuscia Cristina Vargas lattes, Nunes, Zilda Clarice Rosa Martins lattes, Mignot, Ana Chrystina Venancio lattes
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Juiz de Fora
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-graduação em Educação
Departamento: Faculdade de Educação
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: https://repositorio.ufjf.br/jspui/handle/ufjf/859
Resumo: Discuto, nesta tese, os projetos de formação de leitor com os quais Gabriela Mistral e Cecília Meireles se envolveram durante as reformas educacionais do México, em 1922, e do Brasil, em 1931, respectivamente. Comparo as trajetórias multifacetadas de ambas as intelectuais no tempo histórico da modernidade educacional, por meio da análise das ações que fundamentaram a implementação de bibliotecas, em especial, as destinadas à leitura pública das crianças. Organizo temporalmente os acontecimentos a partir das experiências vivenciadas pelas duas intelectuais por meio da análise das crônicas educacionais que circularam em espaços jornalísticos e cartas que trocaram entre si e com outros intelectuais. Ao comparar as trajetórias de Gabriela Mistral e Cecília Meireles, buscando aclarar sentidos do novo no tempo histórico, identifico possibilidades e limites a partir do que forjaram no campo educacional, analisando como os projetos de educação popular concebiam a escola, a criança e a formação do leitor. Os problemas evidenciados referem-se a aspectos de natureza política, social e administrativa que dificultaram a manutenção das bibliotecas pensadas nas reformas. Problemas que acabaram, no caso do Brasil, na extinção de algumas das bibliotecas; no caso do México, na precarização de investimentos na manutenção e ampliação dos seus acervos. Em que pesem as diferenças no processo de ampliação de educação, o fato é que tais iniciativas representaram um momento da modernidade educacional que pode ser evidenciado nesta tese por meio da análise do projeto de idealização e organização das bibliotecas infantis por Gabriela Mistral, no México, e por Cecília Meireles, no Brasil. Essas duas mulheres conceberam tais bibliotecas como meio de fortalecer os valores, as emoções e as referências culturais. As preocupações de ambas intelectuais com a formação da criança foram centrais em suas diferentes ocupações na esfera pública, representando o sentido do novo que se colocava à época de que era necessário investir na leitura pública. Entenderam a importância de atuarem no sentido da formulação de uma concepção de literatura infantil que aliasse a pureza e o imaginário da infância, defendendo a ideia de que escrever para criança exigia estudos detalhados sobre o gosto literário infantil, aliado à sensibilidade. Na mesma linha, investiram em ações que visavam a ampliação do acesso ao livro, assim como o desenvolvimento de práticas de leitura nas bibliotecas infantis, entendendo esse conjunto de ações como possibilidade de efetivação do que acreditavam ser necessário a tal formação. A interpretação do tempo histórico permite compreender o que ocorreu nas reformas educacionais do México e do Brasil a partir da intervenção dessas duas intelectuais, que deixam à geração que as sucedeu a possibilidade de dar continuidade ao que propuseram àquele tempo: formar a criança leitora.