Discriminação sofrida em atendimento odontológico por pessoas vivendo com HIV/AIDS: prevalência e fatores associados

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2024
Autor(a) principal: Reis, Luísa Mendes lattes
Orientador(a): Leite, Isabel Cristina Gonçalves lattes
Banca de defesa: Castro, Glória Fernanda Barbosa de Araújo lattes, Elias, Gracieli Prado lattes
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF)
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-graduação em Saúde Coletiva
Departamento: Faculdade de Medicina
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
HIV
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: https://repositorio.ufjf.br/jspui/handle/ufjf/18005
Resumo: O preconceito e a discriminação sofridos por pessoas vivendo com HIV/AIDS durante o atendimento odontológico constitui um problema de saúde pública recorrente. A literatura tem apontado para a existência de barreiras ao acesso e permanência destes indivíduos nos serviços de saúde. Esta discriminação pode ser relacionada a uma interação entre diversos fatores que tem potencial de modificar a qualidade do atendimento odontológico prestado a cada indivíduo. Além disso, a literatura tem apontado para a importância do entendimento da dimensão da discriminação na atenção em saúde bucal sob a ótica e percepção de pessoas vivendo com HIV/AIDS. Há uma escassez de estudos na literatura sobre a discriminação sofrida em atendimento odontológico por pessoas vivendo com HIV/AIDS. Frente ao exposto, este estudo teve como objetivo avaliar a prevalência desta discriminação e os fatores associados. Foi realizado um estudo transversal com 350 pacientes ativos em atendimento no Serviço de Atenção Especializada do município de Juiz de Fora – MG com idade acima de 18 anos, no qual foram coletadas variáveis dependentes (discriminação em serviços de saúde e discriminação sofrida em atendimento odontológico) e independentes (sociodemográficas, discriminação explícita, caracterização da doença, relação participante/cirurgião-dentista e acesso à atenção odontológica) por meio de aplicação de um questionário estruturado, visando identificar fatores associados à discriminação sofrida em atendimento odontológico por pessoas vivendo com HIV/AIDS. Os dados foram processados através do software SPSS versão 20.0. Foram conduzidas análises bivariadas e regressão de Poisson robusta com estimativa das razões de prevalências brutas e ajustadas, adotando-se intervalos de confiança de 95%. Entraram no modelo múltiplo as variáveis independentes associadas com valor de p≤0,05, permanecendo no modelo final as variáveis com valor de p<0,05. Após a análise ajustada, permaneceram associadas à maior discriminação em serviços de saúde: faixa etária de 18 a 44 anos (RP = 1,13; IC95% 1,04-1,23), presenciar discriminação em serviços de saúde (RP = 1,15; IC95% 1,08-1,23), considerar o preconceito como uma barreira ao acesso a serviços de saúde (RP = 1,09; IC95% 1,01-1,17), ter seus direitos reprodutivos violados (RP = 1,16; IC95% 1,00-1,34) e ter o atendimento negado por cirurgião-dentista (RP = 1,14; IC95% 1,01-1,27). Permaneceram associadas à maior discriminação em atendimento odontológico: faixa etária de 45 a 59 anos (RP = 1,11; IC95% 1,00-1,23), discriminação por familiares (RP = 1,21 IC95% 1,10-1,32), sentir-se discriminado em serviços de saúde (RP = 1,26 IC95% 1,07-1,49) e ter atendimento negado por cirurgião-dentista (RP = 1,33 IC95% 1,11-1,59). Os resultados apontam para a necessidade de educação permanente de profissionais e maior informação sobre direitos do paciente. Além disso, há a presença de lacunas na formação e na assistência odontológica no que se refere à compreensão da face estigmatizada das pessoas vivendo com HIV/AIDS pelo cirurgião-dentista.